07 nov, 2018 • André Rodrigues , Paulo Teixeira (sonorização)
Na semana em que 70 mil pessoas vão em busca do futuro na Web Summit de Lisboa, o fundador da internet deixa um sério aviso em tempos de desregulação, tempos de privacidade invadida, de transferência de dados pessoais, de notícias falsas, de dados manipulados.
No meio de tudo isto há esperança? Tim Berners-Lee acredita que sim. A internet pode ser um sítio melhor, para promover o melhor que a Humanidade tem e isso implica governos, cidadãos e empresas.
A confiança da sociedade é a primeira e maior vítima destes tempos em que o termo fake é uma espécie de prefixo para muita coisa que nos rodeia. "Fake news", "fake people", "fake data", etc. A palavra "fake" banalizou-se e usa-se para tudo aquilo que motive desconfiança.
É quase como "summit". A Web Summit vulgarizou o termo. Desde 2016, há uma "wedding summit" - dedicada aos negócios dos casamentos - uma "vet summit" - para o setor médico veterinário - e uma "wellness summit" - dedicada aos negócios da beleza e bem estar.
É daqueles que termos que dá para um qualquer ajuntamento de pessoas. Onde houver uma grande reunião sobre determinada área ou setor, aí está uma cimeira, aí está mais uma "summit".
Dito isto, não se desvalorize o impacto destes eventos. São uma porta do presente aberta para o futuro, para nos mostrar o caminho para onde queremos ir. E aquele que queremos e, já agora, devemos evitar.
Certamente, não haverá vez alguma que abra a sua conta no Facebook e não pense 'quem é que está a ver o que eu estou a ver?' ou 'será que esta notícia ou esta imagem que estou a ver é mesmo real?' e 'será que alguém anda a espiar os meus dados para depois usá-los em campanhas políticas, publicitárias ou de outro género qualquer?'.
Quantos de nós teremos deixado de usar o Facebook, o Twitter ou outras redes sociais por desconfiança? O Pew Research Center fez um inquérito junto dos utilizadores norte-americanos e concluiu que 26%, ou seja um em cada quatro, pura e simplesmente apagou a aplicação Facebook do seu telefone em 2017.
Mais de metade dos utilizadores com mais de 18 anos ajustaram as configurações de privacidade e quatro em cada dez fizeram uma pausa de várias semanas.
Tudo somado, 74%, ou três em cada quatro utilizadores norte-americanos do Facebook, afirmam ter realizado pelo menos uma destas três ações. É a consequência de uma desconfiança legitimamente motivada pelas revelações do escândalo Cambridge Analytica, a empresa de consultoria que se apropriou indevidamente dos dados de dezenas de milhões de utilizadores do Facebook.