10 jan, 2019 • André Rodrigues , Paulo Teixeira (sonorização)
Nunca foi tão caro comprar peixe em Portugal: 2,06 euros por quilo. De acordo com os números do ministério do Mar relativos ao ano passado, cerca de 100 mil toneladas de pescado vendidas nas lotas do território continental renderam qualquer coisa como 205 milhões de euros. É o valor mais alto registado desde 2008.
Peniche foi a lota com maior valor de vendas: 34 milhões de euros. Mas Sesimbra foi a que maior quantidade transacionou: mais de 21 mil toneladas. O mesmo é dizer cerca de um quinto do volume total de peixe vendido no ano passado.
Os portugueses gastaram 35 milhões e meio de euros em polvo, cerca de 24 milhões em sardinha e quase 15 milhões em carapau.
No espaço de um ano, um português pode consumir 60 quilos de peixe, ou seja, 160 gramas de peixe por dia.
O que significa que aquilo que capturamos no nosso mar pode parecer muito, mas não chega. Na verdade, dois terços do peixe que nos vem parar ao prato é importado.
Na União Europeia, estamos entre os mais pequenos em dimensão, mas somos os maiores consumidores de pescado.
Portugal é 97% mar e é 3% terra. Somos um paraíso repleto de sabores tradicionais. E se os turistas entram aos milhares, é pelo estômago que os conquistamos.
Se em Matosinhos, Peniche e Sesimbra o peixe é rei, já em Trás-os-Montes, quem manda é o porco. Por lá, mais de 60 pessoas têm emprego garantido graças à produção de oito a nove toneladas de alheiras por dia, um negócio de 50 milhões que alimenta as economias dos concelhos de Mirandela, Vinhais, Montalegre e Boticas.
Só que esta apetência para potencializar os nossos recursos acaba por ter uma consequência ambiental. Um estudo da Global Footprint Network com dados de 2015 revela que o consumo alimentar é o que mais contribui para a pegada dos portugueses. Qualquer coisa como 1,5 hectares globais per capita.
Só a proteína animal é responsável por mais de 50% da chamada Pegada da Alimentação.