08 mar, 2019 • André Rodrigues , Paulo Teixeira (sonorização)
A Organização Internacional do Trabalho diz que a probabilidade de uma mulher obter um emprego é 26% inferior à de um homem. Uma melhoria de apenas 1,9% em relação aos inícios da década de 90 do século passado.
70% das mulheres preferem ter um emprego do que ficar em casa. 66% dos homens dizem estar de acordo.
De acordo com os dados mais recentes, nos últimos 10 anos, a diferença de oportunidades entre mulheres sem filhos pequenos e as mulheres com filhos menores de seis anos que trabalham passou de 5,3% para 7,3%. E a explicação está no aumento da presença de mulheres sem filhos no mercado de trabalho. Não há nenhum setor em particular onde se sinta essa diferença.
A penalização em função da maternidade é uma espécie de perseguição que reduz a possibilidade das mulheres chegarem a cargos de liderança. Os números comprovam-no: as mulheres representam apenas 25% dos cargos de chefia desempenhados por pessoas com filhos menores de seis anos. Já a proporção de mulheres em cargos diretivos aumenta para 31% se não tiverem filhos pequenos.
Depois há a questão salarial. As mulheres recebem menos 20% do que os homens, e este é um cenário em que nem os países considerados mais evoluídos constituem a exceção. Em Portugal a diferença é 17%.
Um estudo recente da Fundação Francisco Manuel dos Santos conclui que a diferença salarial entre homens e mulheres ronda os 600 a 700 euros.
Dos 30 aos 49 anos, uma mulher recebe, em média, 10,30 euros por hora. Um homem da mesma idade recebe 11,40 euros.
Nas idades mais avançadas, o fosso torna-se mais evidente: aos 60 anos, uma mulher ganha menos de 9 euros por hora. E um homem quase 13.
É preciso ir até à Islândia, uma ilha com 300 mil habitantes, para encontrar um modelo mais aproximado da igualdade. É o único país que alcançou a plena paridade nas oportunidades e no acesso ao mercado de trabalho. Mas onde ainda persistem diferenças salariais, apesar de tudo não tão evidentes.
Este é um dia dedicado às mulheres. E, porque nunca é demais recordar, só este ano, nos 65 dias entre 1 de janeiro e 7 de março morreram 11 mulheres mais uma criança em contexto de violência doméstica.
São 12 mortes que equivalem a quase 50% do total de mulheres que morreram às mãos dos maridos ou ex-companheiros em 2018.