12 mar, 2019 • André Rodrigues , Paulo Teixeira (sonorização)
Primeiro 11, depois 15 e agora 19. 19 em 28 países da União Europeia estão no euro, a moeda única que entrou nas nossas vidas há quase 20 anos.
Será difícil encontrar ainda quem faça aquela conversão para escudos, mas no início todos caíamos inevitavelmente nessa tentação. Afinal, um euro custa 200,482 escudos.
Com o tempo, os contos foram caindo em desuso e hoje o euro mais um dos sinais da nossa pertença a um projeto comum.
Mas será que saímos a ganhar com isso? As opiniões dividem-se: de um lado, a Comissão Europeia diz que é um dos maiores êxitos do projeto comum, uma marca de unidade, um compromisso partilhado por 340 milhões de pessoas que garantiu estabilidade de preços, mais transparência, mais concorrência nos mercados.
Em 2017, a moeda única representava 39% dos pagamentos internacionais. Só menos 1% do que o dólar norte-americano.
Para os cidadãos, a grande vantagem é que tornou-se mais fácil comprar noutros países. 74% dos europeus inquiridos pelo Eurobarómetro de novembro do ano passado consideram que o euro é uma experiência positiva. Só que uns beneficiaram mais do que outros.
Não é difícil encontrar quem diga que a nossa convivência com o euro ficou marcada por um aumento do custo de vida. Por exemplo, é difícil encontrar um sítio onde nos cobrem 50 cêntimos por um café. Na maior parte dos sítios, é sempre mais do que isso.
50 cêntimos equivalem a 100 escudos. Antes do euro, um cafezinho custava 50 escudos. Agora custa 120 escudos, ou 60 cêntimos. Deve ser do mais baratinho que se encontra por aí.
Mas, afinal, quem é que ganhou mais com o euro? Muitas vezes ouvi dizer que a moeda única é um Marco alemão disfarçado.
Pois bem, Alessandro Gasparotti e Matthias Kullas, economistas do Centro de Estudos Políticos Europeus concluem que a Alemanha é o país que mais beneficiou do impacto do euro por habitante. Mais 23 mil euros.
Já para um português, o saldo é de 41 mil euros negativos. Pior do que nós, estão os franceses (menos 56 mil euros por habitante) e os italianos (menos 74 mil euros).
Mas por mais que Bruxelas exprima a sua irritação face a estas conclusões, há uma perceção instalada. Quase duas décadas de euro também tiveram as suas crises, temo-las bem presentes na memória.
É um sinal de que ainda há muito a fazer e são os próprios responsáveis europeus a admiti-lo. Veremos o que nos reservam os próximos 20 anos.