14 mai, 2019 • André Rodrigues , Paulo Teixeira (sonorização)
Estamos oficialmente em campanha eleitoral e até às 24 horas do dia 24 deste mês, vamos ter esta imagem quase sempre presente sempre que ligarmos as televisões à hora de almoço ou de jantar.
17 candidaturas a 21 lugares. Duas semanas para convencer os eleitores a pôr a cruzinha no sítio certo do boletim de voto.
Vai ser bandeirinhas ao alto, selfies a rodos, panfletos que mal chegam à mão dos transeuntes acabam no caixote do lixo mais próximo. Um esforço titânico para convencer os portugueses a irem votar. E isso é extremamente importante por razões que todos conhecemos.
Há populismos e extremismos que crescem e o grande risco é vê-los alastrar no Parlamento Europeu, somando incertezas no projeto de integração que em 1957 deu início ao mais longo período de paz na história da Europa.
O que querem os nossos candidatos para o futuro da União? Até agora, pouco se sabe, esperemos que as próximas semanas sejam esclarecedoras.
Caso contrário, será ainda mais difícil reverter a crónica falta de participação dos portugueses em atos eleitorais. Então, quando o tema são europeias, somos especialistas a arranjar todas e mais algumas desculpas para não gastarmos cinco minutos, 10 minutos, 20 minutos numa assembleia de voto.
Não é uma opinião, é um facto. Os números são ilustrativos: entre as primeiras eleições europeias de 1987 e as últimas, realizadas há cinco anos, a taxa de abstenção em Portugal mais do que duplicou. Entre 27,8 e 66,2 por cento. 2,4 vezes mais no espaço de 27 anos.
Mas a culpa é só dos eleitores, que acham que Bruxelas fica lá longe e não tem nada a ver connosco? Não. A organização das instituições europeias é complexa e o esforço para que se façam entender junto do cidadão comum é muito reduzido. Estamos a melhorar, mas é preciso fazer mais.
Dito isto, o quê que toda esta conversa tem a ver com abelhas? Então não é tão fácil de entender? Imagine o enxame colorido em torno dos cabeças de lista, é uma colmeia em movimento.
As juventudes partidárias são assim uma espécie de abelhas operárias em torno da rainha. Pousam aqui e ali, deixando mais um papelinho, mais um autocolante, mais uma t-shirt, mais uma bandeira, agora uma selfie. Toda uma azáfama... toda uma canseira.
Uma abelha visita dez flores por minuto. Faz 40 voos por dia, toca cerca de 240 mil flores. Vida de abelha não é fácil.
Em cada colmeia, há uma rainha que pode pôr até três mil ovos por dia. E 400 mil zangões cuja função é apenas reprodutiva. Depois disso morrem.
Há 60 a 100 mil operárias que não chegam a viver dois meses. Vivem 50 dias no máximo. São empregadas de limpeza, cozinheiras, 'baby-sitters', engenheiras, polícias e camionistas. Sim, percorrem até 12 quilómetros à procura de alimento para a comunidade.
Cada abelha produz aproximadamente cinco gramas de mel por ano. O que significa que para um quilo de mel, são necessárias 200 abelhas. E para 50 quilos de mel, 10 mil abelhas.
Até que de repente aparece um urso pardo vindo de Espanha e faz como o Winnie the Pooh. Lá se vai o mel todo. 50 quilos, veja bem.
E lá diz o ditado: de Espanha, nem bons ventos nem bons casamentos. E, já agora, nem bons ursos.
Quer dizer, já não se via um exemplar destes há 176 anos e, de repente, dá-lhe para roubar o resultado de tanto trabalho de tantas abelhas.