21 fev, 2024 • Hugo Monteiro
"As emissões [de CO2] da agricultura europeia representam 0,7% das emissões mundiais”, portanto, “por um foco brutal e umas limitações brutais” sobre o setor “se calhar também é exagerado”. A convicção é do consultor para o setor da agricultura Pedro Santos, que aconselha “ponderação em algumas medidas” que a União Europeia impõe aos agricultores, nomeadamente no que respeita às regras ambientais.
Entrevistado no podcast “Radar Europa”, da Renascença e Euranet Plus, o diretor geral da Consulai, empresa de consultoria nos setores agrícola, alimentar, florestal, do mar e do desenvolvimento rural, dá exemplo de tecnologias que, na sua opinião, deveriam ser autorizadas na União Europeia, de forma a garantir custos de produção mais baixos e, logo, maior competitividade face a países fora da Europa, com menos regras ambientais para a produção agrícola. “Atualmente, não é possível utilizar drones para fazer uma pulverização localizada, com determinado produto, na agricultura. Ainda não está autorizado e seria uma medida muito interessante para reduzir custos e para tratar de uma forma muito mais precisa determinadas pragas e doenças. Portanto, era uma forma óbvia de poder atingir este objetivo e, assim, reduzir custos para os agricultores, tornando-os mais competitivo”. “Há uma leitura quase que só de restrição e não de abertura a novas oportunidades”, conclui.
Os agricultores sentem esta perda de competitividade. “Estamos a receber importações de países fora da União Europeia a preços muito baixos, com contextos económicos e sociais completamente diferentes, e vemos que as nossas produções não estão a ser defendidas pela União Europeia”. O quadro é traçado por Francisco Palma, o presidente da Associação de Agricultores do Baixo Alentejo. Ao “Radar Europa” diz que o setor luta com “o aumento generalizado dos preços das matérias-primas, nomeadamente naquilo que importa mais para a agricultura, que é o preço da energia”. O que provocou uma subida acentuada “dos custos de produção”.
Um cenário que leva o empresário agrícola de Évora, Ricardo Cabral a dizer que, “neste momento, na agricultura nacional e na agropecuária, sem ajudas à produção e com o nível de impostos que as empresas têm, é tecnicamente impossível ser-se agricultor em Portugal”.
A Política Agrícola Comum (PAC) atribui a Portugal mais de 6 mil milhões de euros para o período entre 2023 e 2027. A reforma da PAC deverá continuar a ser tema de debate no quadro das eleições europeias de junho.
O “Radar Europa” procura, esta semana, perceber se a agricultura ainda é uma atividade viável em Portugal e que estratégias seguir para tornar o setor mais competitivo. O “Radar Europa” é um podcast Renascença, em parceria com a Euranet Plus.