03 abr, 2024 • Hugo Monteiro
O presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública (ANMSP) alerta que, quase um ano depois de ter sido declarado, oficialmente, o fim da pandemia de Covid-19 pela Organização Mundial da Saúde, Portugal continua sem “um plano de contingência e de atuação para pandemias ou para outros desastres naturais”. Em entrevista ao podcast Radar Europa, Gustavo Tato Borges sublinha que seria importante que esse plano “ficasse bem estabelecido” para que “os diferentes parceiros, quando vão atuar no terreno, soubessem aquilo que lhes é pedido, aquilo que é a sua função e como podem ou não interagir”.
O médico de saúde pública reconhece haver “a capacidade de ser elástico, de corresponder às necessidades através de uma entrega, de uma abnegação e de uma qualidade de prestação de cuidados que o Serviço Nacional de Saúde português tem”, mas que se “faz tudo isso reativamente”. “Precisamos de o fazer pró-ativamente, precisamos de o fazer preventivamente. Precisamos de nos preparar, de nos treinar e de saber exatamente que mecanismos acionar e em que circunstâncias”, explica.
Gustavo Tato Borges pede, por isso, “um consenso alargado” sobre a matéria, de forma a que, uma vez pronto pela Direção Geral da Saúde, este plano “de combate às doenças, pandemias e desastres naturais”, venha a ser aprovado pelo novo Governo e evitar que “quando houver novas eleições e vier um outro Executivo, deite tudo por terra”.
Num episódio Radar Europa dedicado às lições retiradas da Covid-19, Tato Borges reconhece que o que foi feito durante a pandemia, “na partilha de informação, na partilha de mecanismos de compra e distribuição de vacinas”, funcionou com bastante eficácia a nível europeu.
“Agora, isso tem que resultar num conjunto de medidas efetivas que continuem a proteger a saúde da Europa de uma forma bastante global e distribuída pelos diferentes países”, afirma. No entanto, “ainda há muito caminho para fazer e a Europa tem que definir” uma forma que garanta “que os países com maiores necessidades tenham um apoio efetivo e mais considerável do que aqueles com menos necessidades”.
Também em declarações ao Radar Europa, o Bastonário da Ordem dos Farmacêuticos faz um “balanço muito positivo” do processo vacinal nas farmácias ao longo dos últimos meses.
Hélder Mota Filipe diz que Portugal tem, nesta altura “um número de pessoas vacinadas para a Covid-19 que é de dois milhões, aproximadamente, e de dois milhões e meio, um pouco mais do que isso, para a gripe”.
“Deste número de pessoas vacinadas, 70% escolheram vacinar-se as farmácias comunitárias e 30% nos centros de saúde. Sabendo que havia liberdade de escolha”, relativamente ao local onde se vacinar, estas percentagens, diz, “demonstram, claramente, a utilidade da medida e dos serviços prestados” pelas farmácias e pelos farmacêuticos comunitários.
O Radar Europa é um podcast Renascença, em parceria com a Euranet Plus, a rede europeia de rádios.