25 set, 2024 • Hugo Monteiro
O professor universitário Paulo de Almeida Sande reconhece que, num novo mundo multipolar, como o atual, “a União Europeia tem de rever toda a sua política de alianças e de relacionamentos com várias partes do mundo”.
No podcast Radar Europa, da Renascença e em parceria com a Euranet Plus, o especialista em assuntos europeus defende que estas parcerias ganham maior importância numa altura em que “a União está muito fragilizada por diversos fatores, uns deles endógenos, outros que têm a ver com a conjuntura e outros que são estruturais”.
Neste esforço de relacionamento externo, a Europa terá dois caminhos: “Ou assume uma posição de confronto e continua a querer impor determinado tipo de regras. Ou tenta encontrar caminhos intermédios de relacionamento que, de alguma forma, acabem, também, por permitir defender os seus interesses, sem prescindir dos seus valores”.
Em termos de prioridades, Paulo de Almeida Sande antecipa “que a Europa terá que continuar a tentar reforçar os seus laços no âmbito da relação transatlântica”. “Depois, a Europa tem um problema que passa pelos seus vizinhos, pelos países dos quais provêm muitos dos imigrantes e dos refugiados que chegam ao território europeu”, por isso, terá “de encontrar soluções com esses países, para que essas pessoas não sejam obrigadas a vir para a Europa”. “É, certamente, uma das prioridades da União Europeia nos próximos anos”, sublinha.
O professor universitário diz ainda ser incontornável a questão da relação com a China: “Há que definir muito bem o que é que a Europa pretende nessa relação. Se a único objetivo é salvaguardar relações económicas e comerciais, que são essenciais, ou se nem sequer isso quer fazer ou, ainda, se pretende ir ainda mais longe e encontrar aqui um caminho de relacionamento que seja distinto, por exemplo, do caminho de relacionamento dos seus aliados e parceiros”.
Nesse âmbito, Paulo de Almeida Sande diz ter “muitas dúvidas que o confronto sirva os interesses dos europeus”.
Por sua vez, se “a relação com o Leste é fundamental”, já com a Rússia, “neste momento, na presente situação, é difícil antecipar a normalização das relações”, o que não deverá acontecer tão cedo.
O Radar Europa é um podcast da Renascença, em parceria com a Euranet Plus, a rede europeia de rádios.