Siga-nos no Whatsapp
Raquel Abecasis
Opinião de Raquel Abecasis
A+ / A-

​Subir a pulso ou viver de favores

05 ago, 2016 • Opinião de Raquel Abecasis


Um caso nada “silly” deste Verão, a envolver três secretários de Estado, escolhidos a dedo pela Galp para serem presenteados com viagens a Paris para ver os jogos de Portugal no Europeu de futebol.

Portugal tem um problema de produtividade, é um dado adquirido em todos os relatórios internacionais que justifica a nossa débil economia. Os portugueses contestam esta conclusão apesar de não conseguirem explicar porque é que produzimos menos do que os nossos parceiros europeus.

Há contudo uma explicação, que muitas vezes é avançada pelos sindicatos e que uma simples observação da realidade nacional permite comprovar. O problema português não está na força de trabalho, está nas lideranças e nas elites.

Vem isto a propósito de um caso nada “silly” deste Verão, que envolve três secretários de Estado, escolhidos a dedo pela Galp para serem presenteados com viagens a Paris para ver os jogos de Portugal no Europeu de futebol. Os ditos não viram qualquer problema em aceitar o convite, nem sequer se perguntaram porquê eles e não outros?

Eu explico:

  • O secretário de Estado dos assuntos fiscais tem na sua secretária um diferendo com a Galp por causa de dezenas de milhões de euros que a empresa se recusa a pagar ao Estado.
  • O secretário de Estado da indústria tutela directamente a actividade da Galp.
  • O secretário de Estado da internacionalização da economia tem que dar um parecer decisivo a um projecto que a Galp apresentou junto da agência para o investimento estrangeiro.

Alguém acredita que os convites foram feitos por acaso? Não, mas o Governo diz que isso já lá vai, os senhores vão pagar as despesas e o assunto está encerrado.

Esperemos que não esteja encerrado, porque os dossiers estão na mesa do governo à espera de decisões que os responsáveis políticos não podem tomar, sob pena de verem impugnadas as suas decisões.

Mas este é apenas um caso que ilustra a triste história do nosso quotidiano: começa-se secretário de Estado, vão-se fazendo umas jogadas e quem sabe onde se pode chegar, há quem chegue a presidente do Goldman Sachs.

O problema é que em Portugal também há muitos portugueses com valor e mérito que infelizmente vêem a sua reputação ser manchada por estas histórias. É por isso que hoje não podemos deixar de falar do bom exemplo de António Guterres.

O ex-primeiro-ministro quer muito ser Secretário-geral das Nações Unidas, é um desejo legítimo e para o qual o próprio acredita ter especiais qualidades. Guterres arregaçou as mangas há muitos meses e tem vindo, a pulso, a conquistar uma posição privilegiada para conquistar o lugar.

Se lá chega ou não, é ainda cedo para saber, mas como os nossos atletas, Guterres acredita em si próprio, nas suas capacidades e se conseguir o lugar ninguém terá dúvidas sobre o mérito próprio deste português que conquistou a excelência nos palcos internacionais.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • António Lima
    02 set, 2016 Lisboa 12:13
    Miguel Botelho, "artigos de opinião tão mal escritos" ... de que se queixa neste artigo?? Já todos sabemos que o Miguel Botelho é Esquerdista e ninguém o censura por isso , daí a vomitar ódio a um artigo de opinião...Olhe, dedique-se a outras atividades, como a jardinagem ou o jogo de damas ou cartas, com outros idosos
  • Diogo Pinto
    31 ago, 2016 Porto 11:46
    Á opinião pública não foi muito positiva para os portugueses que estiveram em França á representar o mundo do futebol português . Conseguiram ganhar mas ganharam de qualquer maneira e feitio . O Euro realizava-se em França e só ouvia-mos noticias degradantes por parte da imprensa francesa . Não sabemos qual á opinião dos jornalistas desportivos alemães , suecos , finlandeses e até espanhóis . Será que se preocupam com um país de 10 milhões de habitantes , com um governo geringonça comuna ? Quanto á António Guterres parece-me o galo certo para o poleiro . Lutador , já teve passagens por variadíssimas empresas e governou o país . Experiência não lhe falta . Portanto viver de favores não será por si menos complicado de que viver o dia-a-dia com o objectivo de queremos sempre melhorar o nosso intelecto e ajudar aqueles que precisam e que demonstram que sozinhos não conseguem ? Subir á pulso sim , mas não é para todos . Bom dia RR !
  • Miguel Botelho
    08 ago, 2016 Lisboa 20:11
    É inacreditável como a «Renascença» admite artigos de opinião tão mal escritos. Este artigo é uma lástima e nada esclarece sobre o tema em questão. Por favor, haja mais eficiência em escolher alguém que escreva bem e reflicta melhor sobre temas tão importantes. Esta senhora pode ir fazer «tricôt» para casa ou dar de comida aos patinhos nos jardins da Calouste Gulbenkian.
  • antonio
    07 ago, 2016 portugal 15:58
    É muito mau, e o bloco e o pcp não consideram grave. Tudo boa gente. Os Portugueses é que são parvos. Este governo em meia dúzia de meses já teve mais casos que o anterior em 4 anos.
  • Indignado
    07 ago, 2016 Tomar 14:59
    Nada de novo..., estes favoressão uma das grandes conquistas de Abril (mentiras mil). MSoares e Sócrates, são alguns dos mais beneficiados. Quanto mais incompetentes, mais corruptos são. A miséria em que estamos, reflecte o nível de corrupção e incompetência que governa!
  • Pedro
    06 ago, 2016 Lx 12:49
    E mesmo inacreditavel que estes tipos ainda nao tenham sido demitidos, que num pais supostamente livre a imprensa supostamente livre e independente nao tenha exigido e aceitado nada menos que a sua demissao, como em qualquer democracia civilizada aconteceria, e sera chocante se o PR nao impuser ao conivente-nao-eleito a demissao dos ditos.
  • eugenia
    06 ago, 2016 porto 11:57
    há quem viva da manipulação espiritual ...para sempre!
  • mpires
    06 ago, 2016 cascais 10:40
    Segundo noticias publicadas na altura foram gastos milhões, dos nossos impostos, em loby, para que Guterres conseguisse o lugar de alto comissário.
  • joao mello
    05 ago, 2016 vila real 20:59
    Os secretários de estado em causa são incompetentes! Quem não conhece as normas da sua actuação, por ex.º, o código do procedimento administrativo, como pode ser ministro, secretário de estado, director-geral ou presidente de câmara municipal? Isto coloca o problema essencial de que para governar ou ser alto quadro do estado é preciso estar habilitado a tal! Assim não. Paga povo!
  • AB
    05 ago, 2016 Evora 20:29
    Acho que os bilhetes de apenas um deles totalizavam mais de 2000€. Mas a jogada a Galp e dos visados pode muito bem ser esta; afastarem-se propositadamente do processo, que não é de dezenas mas de centenas de milhões. Veremos quem ficará com o dossiê. Note-se que Guterres - que creio ser genuinamente boa pessoa - se demitiu na sequência de eleições autárquicas, ou seja, tal como o cherne, fugiu. Tacho é tacho, o do cherne foi maior e é maior, mas em essência ambos se contentam com papéis decorativos. A ONU tal como a Comissão Europeia, pedem os melhores yes-man. Não há grande mérito em ser um yes-man, embora haja grandes recompensas.