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Raquel Abecasis
Opinião de Raquel Abecasis
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​Um acto quê?

04 nov, 2016 • Opinião de Raquel Abecasis


Que eu saiba ninguém deu mandato aos deputados para legislarem sobre eutanásia.

O Bloco de Esquerda e o deputado José Manuel Pureza, sempre à frente do seu tempo, aproveitaram o debate orçamental para lançar o seu mais recente projecto lei, agora para a legalização do suicídio assistido e da eutanásia.

Diz o deputado Pureza, com pura ingenuidade, ou puro desprezo pela classe médica, que estes actos agora propostos pelo BE devem ser despenalizados e considerados actos médicos.

Sim, porque o deputado em causa, licenciado sabe-se lá em quê, acha que tem estatuto suficiente para alterar o código deontológico dessa classe menor e conservadora que são os médicos.

Suponho que à expressão “GUARDAREI RESPEITO ABSOLUTO PELA VIDA HUMANA DESDE O INÍCIO, MESMO SOB AMEAÇA", contida no juramento de Hipócrates a que todos os médicos estão obrigados, o Bloco de Esquerda proponha um acrescento: “A NÃO SER QUE ISSO SEJA CONVENIENTE À AGENDA DE COSTUMES DO BLOCO DE ESQUERDA”.

Dirá quem me está a ler: que falta de respeito democrático.

Mas eu pergunto:

- Tem respeito democrático quem introduz um tema destes da forma como foi introduzido, às escondidas e propondo levar o tema a votação no Parlamento, sem lugar ao debate público que um tema destes exige?

- Tem respeito democrático quem, ao mesmo tempo que defende uma causa e propõe a consequente legislação, se propõe também ser o relator de uma comissão onde foram ouvidos argumentos pró e contra a petição que deu entrada no Parlamento a pedir a legalização da eutanásia?

Eu acho que não tem, por isso digo que respeito democrático é não abusar do mandato que os cidadãos concederam aos deputados. Que eu saiba ninguém deu mandato aos deputados para legislarem sobre eutanásia, porque esse tema pura e simplesmente não constava dos programas com que os partidos se apresentaram a eleições, nem sequer do Bloco de Esquerda.

Lamento, mas parece-me que, pelo menos nesta matéria, sou mais democrata do que o José Manuel Pureza.

Comentários
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  • João Galhardo
    07 nov, 2016 Lisboa 11:19
    Embora, quem está na posse das suas faculdades, tem o direito a optar. Não podemos deixar um ser humano sofrer até ao fim da vida. Dou crédito às palavras de Alexandre. Há aqui muito boa gente movida por moralismo. Na vida real, defendem políticas que sufocam e matam pessoas. Aos domingos ou durante a quadra de Natal, são os mais fervorosos defensores dos direitos humanos.
  • Marco Almeida
    07 nov, 2016 Olhão 10:56
    Raquel Abecassis, que eu saiba ninguém deu mandato ao Paf para aumentar os impostos cortar salários e pensões, vender o País ao desbarato e foi o que se viu, aliás nem constava do seu programa de governo pois não. Votou livremente, portanto deu-lhes mandato, a isso chama-se democracia.
  • RP
    07 nov, 2016 castelo branco 09:32
    Sr Paulo Rato: TEM A CERTEZA QUE UMA PESSOA EM COMA OU EM ESTADO VEGETATIVO ESTÁ NA POSSE DAS SUAS FACULDADES PARA DECIDIR SE QUER OU NÃO MORRER? E tem a certeza absoluta que essa pessoa não poderá ter melhoras no seu estado de saúde e ainda viver mais algum tempo? É que há tantas perguntas sem resposta que em minha opinião ninguem tem o direito de decidir por outro sobre a coisa mais importante que é a vida.
  • Alexandre
    06 nov, 2016 Lisboa 21:42
    É triste perceber que ainda há muitos moralistas sobre esta e outras matérias. Os maiores hipócritas e cínicos decidem agora estar ao lado da vida. Em decisões anteriores, em que estiveram ao lado da morte (corte nas pensões, aumento brutal das rendas, aumento dos impostos e do custo de vida...) agora aparecem como paladinos da vida e do amor.
  • Carla Rocha
    06 nov, 2016 Viseu 14:53
    A Francisco Soares: o comentário que fez mais abona em favor da tese da cronista. Se a sua esposa faleceu não de doença incurável, mas de negligência médica, pode acionar os mecanismos legais para responsabilizar quem o fez. Por isso mesmo, porque os médicos e todo o pessoal da saúde tem a obrigaçao de cuidar o melhor possível de quem fica à sua guarda é que a lei pode responsabilizar criminalmente quem se demitiu de tal. . E é também por isso que é condenável estatuir a possibilidade de alguém poder decidir da morte de outro. Até porque em casos terminais, existe já o testamento vital que permite que o doente possa decidir sobre a sua última vontade em relaçao ao corpo. E sim, é verdade que ninguem mandatou nenhum partido para decidir dobre essa matéria.
  • Antonio Ferreira
    06 nov, 2016 Porto 14:39
    É minha opinião, convicta, de que os partidos não donos dos princípios; cívicos, morais e outros que tais, pois tal é pertença de um povo que sendo o pilar da sociedade tem de ser chamado a dar a sua opinião sobre questões como esta, a da eutanásia. Mas que partido ou que deputado tem autoridade para falar em nome do povo sobre um assunto deste tipo ? Quando se fala da vida e da morte, nenhum, mas absolutamente nenhum, seja; deputado, ministro, membro de um qualquer partido, etc., tem autoridade para falar em temas que tocam a vida das pessoas. Só a maioria, volto a referir, só a maioria do povo pode dar a sua opinião sobre este assunto e, mesmo assim, não quer dizer que seja aceite por todos. Os partidos, ainda, não se deram conta de que são a voz de menos de 40% da população portuguesa e, isto acontece porque, tal como eu, estamos cheios de vendilhões, incompetentes, medíocres que se acham ter o direito, mesmo representando menos de 40% do povo ( no total dos partidos ) de mandar ´´ uns bitaites ´´ na A.R., como se fossem uma opinião considerada pela maioria do povo. Estão todos enganados ! Quando aparecer alguém ; competente, sério, honesto e acima da mediocridade que grassa na classe politica, então podem os senhores ´´ deputados ´´, ousar mandar ´´ os bitaites ´´ que julgam ser uma coisa que lhes dão votos, porque é para isso que eles se esforçam: - conseguir votos para se perpetuarem no poder -, uma vez que o objectivo de missão, fazer avançar o país é outra coisa.
  • João Galhardo
    06 nov, 2016 Lisboa 12:03
    Daí a confirmação que Raquel Abecasis não tem competências para escrever sobre esta matéria. Sobre o tema, a mesma é não só uma ignorante, mas também incompetente. Além disso, deveria tentar mudar o seu visual, pois esta sua fotografia que aparece ao lado do artigo, é capaz de assustar um morto.
  • Francisco Gomes
    06 nov, 2016 Lisboa 11:01
    ... "Suponho que à expressão “GUARDAREI RESPEITO ABSOLUTO PELA VIDA HUMANA DESDE O INÍCIO, MESMO SOB AMEAÇA", contida no juramento de Hipócrates a que todos os médicos estão obrigados"... Esta, uma parte do texto da cronista que revela pura ignorância nesta matéria dado que, no meu caso concreto, minha esposa faleceu vítima não da doença incurável que tinha mas de negligência e incompetência médica! Afinal onde está esse juramento de Hipócrates, onde o mais adequado seria juramento de hipócritas?
  • Paulo Rato
    06 nov, 2016 Queluz 04:56
    Raquel Abecasis aparenta saber imenso de juramentos, mas pouco de Liberdade, pelo que o rigor do seu entendimento da Democracia é assaz duvidoso. O conceito mais geral, o único que respeita a liberdade individual, é o de que cada ser humano é o dono exclusivo de si mesmo e da sua Vida, incluindo-se, nos direitos daí decorrentes, decidir pôr-lhe fim, se aquela deixou de corresponder às suas exigências de dignidade e qualidade. Não é admissível a intromissão abusiva de outros conceitos, mais limitados, nomeadamente religiosos, que diminuam o conceito geral. Nem que, antidemocraticamente, organizações religiosas imponham a toda a sociedade, usando as instituições do Estado Democrático e laico - servidor de todos os cidadãos, crentes ou não - princípios doutrinários que apenas obrigam os seguidores de tais organizações, como o de que a vida humana foi criada por um “ente superior”, pelo que seria sua propriedade. Tão pias criaturas pretendem, afinal, retirar aos que optam por terminar a sua Vida quando consideram adequado, por decisão que só a eles compete, o direito um final digno e sem dor, impondo-lhes de imediato o “castigo divino” (decidido, afinal, por seres humanos, seus iguais, que se apropriam das prerrogativas do próprio "deus" que proclamam respeitar!), obrigando-os a recorrer aos meios que estiveram ao seu alcance, de preferência com o máximo sofrimento possível. Perante uma nova realidade civilizacional, cabe à AR o DEVER de a enquadrar legalmente.
  • Manuel Costa
    05 nov, 2016 Mondim de Basto 22:03
    A voz da consciência incomoda muita gente. Parabéns pela coragem em denunciar deputados e políticos pseudo defensores dos direitos das minorias e que se esquecem da dignidade humana. Quanto ao referido senhor deputado é só hipocrisia, prato favorito da esquerda caviar.