13 fev, 2017
As “fake news” são a origem do mal que está a ferir de morte as democracias ocidentais. Pessoas e partidos que se apoiam em notícias falsas para atrair eleitores potenciando o descontentamento com políticos e partidos tradicionais.
O simples facto de esta estratégia estar a produzir resultados a uma velocidade assustadora um pouco por todo o globo devia ser suficiente para nos pôr a todos em sentido cuidando com particular zelo do rigor e da transparência das nossas democracias.
Acontece que, como “aliens”, continuamos a viver como se nada se passasse e o sistema fosse à prova de bala.
Nos últimos dias a palavra mentira voltou a invadir o país a propósito do caso Caixa Geral de Depósitos e dos compromissos que foram ou não assumidos pelo Governo com a anterior equipa de gestão liderada por António Domingues.
Uma história mal contada é sempre uma história mal contada e as mentiras escondem-se atrás de subterfúgios linguísticos que procuram dizer tudo e o seu contrário, para que ninguém seja apanhado em falso.
Acontece que ninguém no país acredita na versão do Governo e em particular do ministro das Finanças, que, diga-se de passagem, num primeiro momento chegou a publicar um comunicado do Ministério das Finanças a justificar que, ao abrigo do novo estatuto, a administração da Caixa não tinha de facto que apresentar as tais declarações. Está escrito para quem o queira ler.
Agora, o ministro jura a pés juntos que nunca teve tal ideia e acusa mesmo os que o contradizem de assassinato de carácter. O primeiro-ministro e o Presidente da República colocam-se ao lado de Centeno e vão deixando cair por todo o lado que a demissão de Centeno não está nem pode estar na agenda.
Nos bastidores comenta-se que deixar cair Centeno, nesta altura e por causa deste assunto, é impensável, embora ninguém perca muito tempo a tentar desmentir o indesmentível, porque, como diz o povo, “a mentira tem perna curta” e sabe-se lá quantos mais elementos escritos vão aparecer a contar a verdadeira história do entendimento entre o Governo e a equipa de António Domingues.
Mas para o “establishment” esta mentira não vale a demissão de Centeno e a pergunta que fica é: quantas mentiras aguenta uma democracia? Pelo que vemos à nossa volta, não aguentará muitas mais.
Os eleitores não endoidaram de vez e desataram a escolher os Donald Trump da vida só porque sim. Se calhar são mentirolas como esta que encheram o saco dos eleitores das democracias ocidentais, que estão fartos de uns senhores que acham que são donos delas e que podem ser eles a decidir quais são as mentiras más e quais são as mentiras boas.