17 fev, 2020 • Liliana Monteiro
"Ao longo de 20 anos muitos doentes já me pediram para morrer", confessa à Renascença a enfermeira Filipa Pires de Lima, que também já lidou com uma doença que a colocou à prova. "Se as pessoas fossem mais literadas em saúde tinham outra ideia da partida."
Gentil Martins, notável médico cirurgião, lembra que "todos os médicos fazem um juramento que é para respeitar, o problema principal é que as pessoas não sabem do que se está a falar, não sabem o que é eutanásia, suicídio assistido e distanásia". Em tom de revolta acrescenta: "Morrer naturalmente não é uma morte digna? É preciso matarem a pessoa?"
Pedro Varandas é psiquiatra e frequentemente lida no seu consultório com doentes que só pensam na morte. "Fui confrontado centenas de vezes com essa questão, pessoas que estão numa angústia profunda." Graças à experiência acumulada, diz não ter dúvida de que o caminho do esclarecimento e da palavra dá frutos.
À Renascença, os três profissionais de saúde lamentam que não se centrem atenções nos cuidados paliativos - esses, sim, podem salvar pessoas e a dignidade da vida. A eles junta-se a irmã Paula Carneiro, superiora da Casa de Saúde da Idanha, das irmãs hospitaleiras, que denuncia: há camas de cuidados paliativos que ficam vazias.