07 fev, 2017
A viciação de resultados de jogos de futebol não é um tema novo. Tem, aliás, sido dissecado por esse mundo fora ao longo de várias décadas, e há mesmo histórias que permanecem bem vivas nas nossas memórias.
Há muitos anos, o “totto-calcio” poderá ter sido o pontapé de saída, dado na Itália, para uma campanha a todos os títulos miserável com as consequências que afectaram seriamente o futebol italiano e o prestígio internacional de que então desfrutava, dando lugar a um descrédito que nesse tempo o feriu de morte.
De tal maneira caiu no abismo, com a despromoção de vários clubes ao escalões secundários, entre os quais a Juventus, que ainda hoje todos reconhecemos sem exagerar, que nunca mais foi possível a modalidade atingir de novo naquele país o prestígio que o tornou internacionalmente reconhecido como um dos mais poderosos do mundo.
Portanto, esta história de viciação de resultados verdadeiramente nunca chegou ao fim, muito embora não tenha adquirido proporções desmedidas, mas que, apesar disso, se mantiveram como preocupação permanente dos mais directamente responsáveis.
Entre nós, onde o tema tem sido várias vezes abordado de forma velada e sem que tenham sido encontradas razões para gerar alarmes descontrolados, surgiu ontem uma notícia surpreendente, que de imediato percorreu diversas fronteiras.
Sustentado em razões que considerou plausíveis, o Departamento de Jogos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa decidiu eliminar as apostas no Feirense-Rio Ave que fazia parte do menu do dia do popular jogo Placard.
Um só apostador, oriundo da China, imagine-se, teria feito uma só aposta naquele desafio da primeira Liga no montante de cem mil euros. Cortando desde logo o mal pela raiz, a Santa Casa provou que está muito atenta e não permitirá nunca quaisquer veleidades.
E fica também o aviso para o risco que implica brincar com o fogo, além de que se pode tratar igualmente de um sério e inaceitável atentado à integridade moral dos atletas e demais agentes envolvidos em cada espetáculo de futebol.