03 fev, 2023 • Susana Madureira Martins
É unânime a ideia entre os líderes parlamentares do PSD e do PS que a organização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em Lisboa é de enorme importância para a cidade e para o país, mas a polémica à volta do altar-palco do Parque Tejo e a organização do evento divide os dois dirigentes partidários.
No programa da Renascença "São Bento à Sexta", o social-democrata Joaquim Miranda Sarmento apontou ao representante do Governo na organização da JMJ, referindo que José Sá Fernandes "só coordena uma parte do projeto" e que "manifestamente não tem sido capaz de levar a bom porto aquilo que supostamente é a sua missão de coordenar os trabalhos".
O líder parlamentar do PSD escusa-se, contudo, a concluir daí que o Governo deve substituir Sá Fernandes no cargo a escassos meses da JMJ. Miranda Sarmento puxa a fita do tempo a 2019 e critica "o modelo inicial que foi pensado de organização das jornadas está a revelar-se com falhas graves".
Já o líder parlamentar do PS saltou em defesa de Sá Fernandes referindo que "um coordenador geral é necessário" porque na altura da JMJ o páis vao ter de concentrar-se em "temas muito importantes de segurança, que dizem respeito às funções do Estado e da administração central".
De resto, no Memorando assinado entre as entidades que organizam a JMJ, cabe ao grupo de projeto acautelar a segurança transversal do evento. Eurico Brilhante Dias salienta que o evento vai envolver "a polícia e as polícias", mas também "os serviços de informação, porque este é um tema particularmente sensível".
O dirigente socialista salienta ainda que vai ser preciso "perceber" como "organizar o próprio trafego de Lisboa, a cidade tem 500 mil habitantes" e irá receber o dobro do número de habitantes".
Se Miranda Sarmento lamenta a coordenação de Sá Fernandes, já Eurico Brilhante Dias coloca o ónus no presidente da Câmara de Lisboa (CML). O dirigente socialista acusa Carlos Moedas de "impreparação" que "ficou manifesta" num "processo que se foi adiando, substituiu-se uma vereadora e em vez de se tomarem decisões e anteciparem decisões foi-se adiando".
Para Brilhante Dias, o presidente da CML mostrou "absoluto desconhecimento sobre as decisões tomadas por entidades da própria autarquia como é o caso da Sociedade de Reabilitação Urbana". O dirigente do PS fala ainda da decisão sobre o altar-palco do Parque Tejo como "pouco ponderada" que "acabou por resultar nesta grande confusão".
Neste momento, Brilhante Dias diz acreditar que a CML "percebeu finalmente que tem um grande evento para organizar e vai dar corda aos sapatos".
Para Miranda Sarmento, o Parlamento "podia ter tomado uma decisão" quando o país ganhou a organização das jornadas em 2019 e "provavelmente faria sentido acompanhar todo o processo, pelo menos acompanhar".
Questionado se isso implica fazer uso do poder de fiscalização do Parlamento, o dirigente do PSD responde que "tem de haver uma clara separação daquilo que são os poderes de cada entidade", mas que "o Parlamento podia ter acompanhado e ainda pode acompanhar".
Já o líder parlamentar do PS conclui que o país está "excessivamente" focado nos altares, "também no do Parque Eduardo VII" e que essa é uma discussão que se pode "ter, mas a JMJ não são um evento de luxo", conclui.
Para Eurico Brilhante Dias, neste evento estarão "provavelmete mais de um milhão de pessoas jovens, que dormirão nas paróquias, nos pavilhões multi-desportivos" e que se trata de uma organização que "vai muito para além dos momentos em que no conjunto estão junto dos altares".
O líder parlamentar do PS conclui daqui que "não" lhe "parece que se consiga organizar um evento com grande ostentação e luxo para mais de um milhão de pessoas com os valores orçamentais que se vão conhecendo".