Eurico Brilhante Dias diz não ter dúvidas de que está em curso "uma estratégia para desviar as atenções", na sequência dos novos dados divulgados esta sexta-feira pelo jornal Expresso e que apontam para o envolvimento direto do ministro João Gomes Cravinho na operação Tempestade Perfeita.
O líder parlamentar do PS lamenta, mais uma vez, a violação do segredo de justiça, ao ser vertido para a comunicação social um interrogatório a um dos arguidos deste caso, Paulo Branco, que terá ligado o ministro dos Negócios Estrangeiros ao caso de corrupção que provocou a demissão do secretário de Estado Marco Capitão Ferreira.
Em declarações ao programa da Renascença "São Bento à Sexta", Brilhante Dias salienta que o arguido em causa terá sido ouvido "a combinar com os outros acusados, passar histórias a jornalistas para apontar ao poder político e controlar a narrativa mediática", citando o jornal Público.
"O que está aqui, preto no branco", adianta o dirigente socialista, é que "este senhor em concreto, com os outros envolvidos, procura envolver o ministro e o poder político para desviar atenções".
Brilhante Dias reforça: Paulo Branco "foi ouvido a criar um estratagema para envolver políticos, em particular o senhor ministro". A partir daqui o dirigente do PS questiona-se: "é a partir dele que credibilizamos uma acusação ao ministro e pedimos a sua saída? Não me parece".
Ministro "politicamente fragilizado"
á para o líder parlamentar do PSD mantêm-se as dúvidas e os pedidos de explicações de Gomes Cravinho e do próprio primeiro-ministro sobre este caso, considerando que a posição do ministro dos Negócios Estrangeiros "está politicamente fragilizada há muito tempo".
Joaquim Miranda Sarmento acusa Gomes Cravinho de "fugir permanentemente a dar as respostas e justificações que permitiriam esclarecimento de toda a situação" e que "há um conjunto de factos numa área de soberania importante, como é a defesa, que colocam seriamente em causa a posição política de um ministro".
Noutro plano e no rescaldo das eleições na Madeira, que deram a vitória sem maioria absoluta à coligação PSD/CDS, Joaquim Miranda Sarmento admite, em futuras eleições legislativas, dialogar com partidos como a Iniciativa Liberal (IL) ou o CDS, e não fecha a porta ao PAN.
"Pontos de contacto" com o PAN
Na sequência da
entrevista de Inês Sousa Real ao programa Hora da Verdade da Renascença e do jornal Público, em que a porta-voz do PAN admite conversar com o PSD nacional, Miranda Sarmento admite que há "seguramente alguns pontos de contacto com aquilo que é o programa do PAN em matéria ambiental e haverá seguramente pontos de divergência, sobretudo em matéria agrícola".
O dirigente social-democrata não quer "especular" sobre como será a relação do PSD nacional com o PAN daqui para a frente. Certo é que "não há acordos com o Chega" e "até ao momento em que se realizarem as eleições legislativas" a estratégia é "lutar pelo melhor resultado possível e até poder ter condições de formar governo sozinho".
No caso de não ser possível o PSD governar sozinho, a solução "depende de como for a composição do Parlamento", mas abre a porta à Iniciativa Liberal e ao CDS se, "eventualmente, regressar ao Parlamento".
Do lado do PS, Eurico Brilhante Dias recusa-se a dizer qual o futuro óbvio para o líder do PS-Madeira, Sérgio Gonçalves, que viu a bancada parlamentar reduzida de 19 para 11 deputados.
Brilhante Dias refere que na região os socialistas "farão uma análise, até porque nós teremos europeias dentro de muito pouco e teremos autárquicas em 2025 e há um trabalho a fazer". Sobre Sérgio Gonçalves, o líder parlamentar limita-se a dizer que "é uma pessoa íntegra e trabalhadora e que foi a cara do PS nestas eleições, merece a nossa solidariedade".