22 nov, 2024 • Tomás Anjinho Chagas
A celebração do 25 de Novembro, prevista para a próxima segunda-feira na Assembleia da República, pode ser vista como resposta à "apropriação do 25 de Abril por parte da esquerda". A ideia foi defendida por João Vale e Azevedo, deputado do PSD e vice-presidente da bancada social-democrata.
Durante o programa São Bento à Sexta, da Renascença, Vale e Azevedo rejeitou, no entanto, que o partido queira equiparar o 25 de Abril ao 25 de Novembro. Mesmo que as duas cerimónias tenham um protocolo semelhante.
"Pode ser visto como uma resposta, acredito que sim. Pessoalmente não vejo assim, mas concebo que haja alguma tentativa de fazer as duas celebrações equivalentes, não é essa a posição do PSD", assegura o "vice" da bancada social-democrata, que assinala que a cerimónia marcada para a próxima segunda-feira não tem "a mesma pompa" do 25 de Abril.
25 de Novembro
Os partidos de esquerda dizem que anunciam "oportu(...)
Ainda assim, João Vale e Azevedo fala numa resposta "que se explica também pelo afastamento do PS, desde o tempo da geringonça, do centro político e de uma adesão a forças radicais que estiveram do outro lado no 25 de Abril", numa referência ao PCP, que já anunciou que não vai marcar presença.
Já o PS lamenta a forma como o PSD está a querer colocar o 25 de Abril e o 25 de Novembro no mesmo patamar. Pedro Delgado Alves, deputado e vice-presidente da bancada socialista, não concorda que a cerimónia se repita todos os anos.
O deputado considera que a cerimónia que se vai realizar no Parlamento, "mais do que parecida, é praticamente decalcada do 25 de Abril" e é nesse ponto que discorda do Governo.
"Significa uma equiparação errada à cerimónia do 25 de Abril", sublinha Pedro Delgado Alves, que critica o CDS por querer "reescrever a história" e os seus derrotados, lamentando que esteja previsto que a cerimónia seja celebrada anualmente.
Noutro plano, na semana em que o Presidente da República promulgou, "com reservas", medidas que pretendem acelerar a execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), através, por exemplo, da isenção de visto prévio para projetos financiados ou cofinanciados pela designada "bazuca" europeia, PS e PSD concordam que o alívio das restrições devia ser estendido ao resto da contratação pública.
João Vale e Azevedo, deputado do PSD, assinala que a administração pública não consegue competir com os privados se tudo se mantiver como está.
"Este paradigma tem, provavelmente, de ser estendido como nova forma de olharmos para estas tensões. É impossível uma escola pública competir com uma privada, não tem flexibilidade", sublinha o "vice" da bancada social-democrata.
Opinião parecida tem Pedro Delgado Alves, o que antecipa um consenso entre os maiores partidos para este tema. O deputado socialista defende que é preciso tornar a contratação pública mais ágil, mesmo que isso tenha riscos para a transparência.
"Houve vários momentos como a covid ou como o PRR em que se reconheceu uma especial urgência. Mas se calhar temos de fazer uma reflexão sobre o equilíbrio entre uma coisa [transparência] e outra [eficácia]", defende o socialista, abrindo a porta a entendimento.