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Ébola, Ambiente e Interligações Energéticas marcaram a semana na UE

06 mar, 2015 • Manuela Pires/Paulo Ribeiro Pinto/Vasco Gandra/Francisco Sarsfield Cabral


Esta semana falamos da Conferência Internacional sobre o ébola que juntou em Bruxelas mais de 60 delegações. Destaque, ainda, para o relatório da Agência Europeia do Ambiente que foi divulgado terça-feira e para a Cimeira Portugal-Espanha-França sobre interligações energéticas.

Novo impulso nas interligações energéticas da Península Ibérica
Parado há mais de 10 anos, o projecto de interligação energética entre a Península Ibérica e o resto da Europa ganha agora novo impulso. As constantes ameaças russas de, a cada Inverno, cortar a torneira do gás, deu argumentos a Portugal, Espanha e sobretudo França para avançarem na ligação das redes de electricidade e gás.

Paris - que sempre travou o projecto para proteger os produtores de energia nuclear - abre a fronteira dos Pirenéus. O Presidente francês, François Hollande, encontra agora novos argumentos: “A segurança do nosso abastecimento, a diversificação dos nossos fornecimentos, permitiriam à Europa ter acesso a gás ou electricidade de um maior número de fontes. Existe também um interesse geopolítico que ninguém esconde nesta vontade. Há também o objectivo de melhorar a competitividade das nossas indústrias, porque ter acesso a electricidade a preços controlados e, ao mesmo tempo, desenvolver as energias renováveis, é um desafio para o crescimento e a actividade económica”.

O Primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, acredita, de resto, que se as infra-estruturas já existissem, o centro da Europa já poderia dispensar uma boa parte do gás russo.

Quanto ao Presidente do Governo espanhol assume que faltou vontade política ao longo dos anos, acreditando que “agora é que é”: “A partir de hoje, passámos das declarações aos actos. Três grandes nações, das mais antigas da Europa – Espanha, França e Portugal – em conjunto com as instituições da União – aqui representadas pela Comissão e pelo Banco Europeu de Investimento – dão um passo muito importante para romper fronteiras. E esse é um sinal dos tempos e do nosso projecto comum: o da integração Europeia – unir, integrar e conectar. Já derrubámos as fronteiras artificiais entre nós e agora queremos acabar com as fronteiras naturais. A tecnologia permite-o, mas o mais importante é a vontade política, a única capaz de superar obstáculos técnicos e burocráticos”.

Portugal, Espanha e França querem encurtar as distâncias energéticas com o resto da Europa e acabar com a “ilha energética” em que se tornou a Península Ibérica. O presidente do Governo Espanhol, Mariano Rajoy acredita que a chamada Declaração de Madrid dá o passo que faltava: “É um plano ambicioso, realista e financeiramente viável com projectos concretos e com compromissos. É um plano em que o objectivo principal é permitir que, de uma vez por todas, a Península Ibérica deixe de ser uma ilha energética, continuando a trabalhar na criação de um mercado europeu da energia”.

O objectivo é aumentar para 10% as interconexões energéticas de electricidade e gás, se possível dentro de cinco anos, num investimento de muitos milhões, e que poderá receber apoios do plano Juncker para os projectos prioritários em infra-estruturas. E se a União Europeia é já um espaço de livre circulação de pessoas, bens, serviços e capital, o presidente da Comissão, Jean-Claude Junker quer o mesmo para a energia: “Se não conseguirmos fazer com que a energia possa circular livremente na Europa, então falhámos o nosso dever. O que fizemos hoje em Madrid não tem outro objectivo que não seja a convergência regional em matéria de energia entre França, Portugal e Espanha. E espero que outras regiões da Europa possam seguir os nossos passos. Com este gesto, começámos a acabar com o isolamento energético da Península Ibérica, que é importante para a região, mas também para os homens e mulheres que vivem nestes três países. O mínimo que eu posso fazer é encorajar os restantes a contribuírem para o fim do bloqueio em matéria de fornecimento de energia permitindo a interconexão dos recursos na Europa”.

Pedro Passos Coelho lembrou ainda que o projecto pode fazer baixar os preços da energia e beneficiar o ambiente. Para já, foi criado um grupo de trabalho para preparar as ligações energéticas. Espera-se que os privados que gerem as redes - como é o caso da REN em Portugal - também contribuam para o projecto.

Ébola em avaliação em Bruxelas
A epidemia de ébola atingiu quase 30 mil pessoas em África e, destas, mais de 9 mil morreram. Nos últimos meses a comunidade internacional conseguiu controlar a situação e reduzir o número de contágios. Mas, agora, o objectivo passa por erradicar o vírus. A Conferência Internacional promovida pela União Europeia em Bruxelas serviu, também, para acertar estratégias de recuperação das economias dos países afectados.

Por isso, os presidentes da Libéria, Guiné Conacri e Serra Leoa marcaram presença até porque a cooperação regional é decisiva neste combate. Ellen Jonhson-Sirleaf, presidente da Libéria, definiu como uma das prioridades o relançamento das economias: “Precisamos de responder ao impacto económico da epidemia, de estabilizar as nossas economias, de voltar ao caminho do crescimento económico inclusivo em que estávamos antes de o vírus nos atingir”, afirmou.

A epidemia deixou marcas profundas nas economias destes países. Volta a ser necessário restaurar serviços sociais e de saúde, uma vez que alguns estão mesmo à beira do colapso. Ainda assim, a representante das Nações Unidas para o Programa de Desenvolvimento, Helen Clark, aponta dados optimistas. Por exemplo, há escolas na Guiné e na Libéria que voltaram a abrir portas, e a Serra Leoa prepara-se para fazer o mesmo.

Helen Clark pediu a todos para continuarem os esforços e uma visão de longo prazo para desenvolver os países: “É imperativo ter uma abordagem alargada e uma visão de longo prazo para que a recuperação seja consistente com as aspirações nacionais de desenvolvimento. É imperativo agora definir e corresponder às necessidades. Sem dúvida que isto inclui as necessidades dos sobreviventes, dos órfãos e dos grupos vulneráveis mais directamente afectados pela doença. Mas também restaurar os serviços de saúde básicos, apoiar as escolas por forma a garantir um ambiente seguro para o regresso dos estudantes”.

Por seu turno, o presidente da Guiné Alpha Condé defendeu a necessidade de apostar na economia e no sector privado e pediu mais ajuda à União Europeia: “Esperamos sair daqui com a garantia de que a União Europeia vai avançar com os meios suplementares para nos ajudar a erradicar o ébola, mas também para reforçar os nossos sistemas de saúde e relançar a nossa economia. Estes são três pontos fundamentais”.

A Europa garante que vai continuar a apoiar a luta para erradicar o ébola e prosseguir os esforços para restaurar os serviços, as instituições e as economias dos países mais afectados.

Europa respira melhor ar e bebe melhor água, mas...
Esta semana foi divulgado o relatório elaborado pela Agência Europeia do Ambiente e a Europa consegui melhorias na qualidade do ar, da água e até mesmo na redução dos resíduos. Mas há, ainda, alguns desafios que exigem mudanças, principalmente nas áreas da conservação da biodiversidade e das alterações climáticas.

Segundo o relatório “O Ambiente na Europa – Estado e Perspectivas 2015”, os recursos naturais são agora utilizados com mais eficiência, mas continuam a existir gastos desnecessários. A Renascença falou com Nuno Sequeira, Presidente da QUERCUS - Associação Nacional de Conservação da Natureza – que refere a importância do investimento em novos equipamentos e tecnologias para melhorar a qualidade da água e do ar em Portugal.

Para a elaboração deste relatório, Portugal não comunicou os níveis de ruído à Agência Europeia do Ambiente, alegando que “não tem meios para fazer as medições”.

Pela negativa, segundo o Relatório do Ambiente estão as áreas da conservação da biodiversidade e das alterações climáticas. O relatório refere, também, que nos próximos anos é necessário melhorar o conhecimento e investimento nas áreas da alimentação, energia, habitação, transportes, saúde e educação, de forma a torná-las mais sustentáveis e reduzir as emissões de carbono.

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