21 mar, 2019 • António Fernandes e Vasco Gandra com Pedro Caeiro
Depois de ter vista negada a possibilidade de levar o seu acordo de novo a votos enquanto este não sofrer alterações, as atenções de May centraram-se em formalizar o pedido de extensão do artigo 50, e consequente adiamento do Brexit. Mas, quando tudo indicava que May ia pedir uma extensão até 30 de Junho deste ano, com opção de activar um adiamento mais prolongado - que podia ir até 2 anos - a Primeira-ministra decidiu que esse não era o caminho, ao dizer que “Enquanto Primeira-ministra, não estou preparada para adiar o Brexit para lá de 30 de Junho”.
Theresa May deu, assim, uma ideia de que se pode demitir caso seja necessário prolongar o adiamento para lá de Junho. Mais tarde, numa declaração em Downing Street, May deixou claro quem considera serem os culpados de um acordo ainda não ter sido aprovado: “Até agora, o Parlamento tem feito tudo para evitar fazer uma escolha. Moção após moção, emenda após emenda, o Parlamento não decide o que quer - até agora os deputados só dizem o que não querem”.
Dizendo estar do lado das pessoas, que querem que o Brexit avance, May reforçou que a bola está do lado dos deputados, ao afirmar que agora tempo de serem eles a decidir.
A União Europeia aceita o pedido de extensão se o acordo for aprovado, até porque uma extensão mais longa levanta questões legais e políticas sobre a participação do Reino Unido nas eleições europeias: “Isso significava pedir-vos que votassem nas eleições europeias quase 3 anos depois de terem votado para sair. Que mensagem é que isso passar? E quão amarga e divisória seria essa campanha?!”, questionou May.
Mas depois de John Bercow, o presidente da Câmara dos Comuns, ter afastado a possibilidade de um novo voto se o acordo for exactamente o mesmo, tornou-se mais difícil (mas não impossível) levar o acordo de novo a votos. Perante a vontade de May em levar de novo o acordo a votos, a deputada trabalhista Yvette Cooper deu voz aos que pedem uma mudança de direcção, ao dizer que “O que May está a fazer ao ficar agarrada a este plano falhado é perigoso para o nosso país!”.
E com o fantasma de um “hard Brexit” a regressar, o Parlamento pode ficar ainda mais partido entre os que preferem a saída sem acordo a um adiamento, que muitos entendem poder levar a que não haja Brexit de todo.
PPE perde paciência com Órban
Por uma esmagadora maioria de 190 votos a favor e 3 contra, a assembleia política do PPE decidiu suspender o partido de Viktor Órban.
A decisão tem efeitos imediatos. Significa que o partido do Primeiro-ministro húngaro deixa de ter direito de voto nos encontros do Partido Popular Europeu, os seus membros não podem participar em reuniões do partido, nem propor candidatos para cargos. Implica assim que Órban já não participa na cimeira do PPE que decorre esta quinta-feira em Bruxelas.
O PPE vai agora constituir um comité de ex-altos cargos do partido para avaliar se o partido húngaro demonstra com factos se merece de novo a confiança.
O processo de suspensão foi desencadeado a pedido de 13 partidos da família política de centro direita por causa das frequentes posições anti-UE, anti-imigração e autoritárias que o Governo em Budapeste tem adoptado.
A gota de água foi a recente
campanha de cartazes na Hungria, lançada pelas autoridades húngaras contra o
presidente Juncker e a Comissão Europeia.
Este conteúdo é feito no âmbito da parceria Renascença/Euranet Plus – Rede Europeia de Rádios. Veja todos os conteúdos Renascença/Euranet Plus