11 jul, 2019 • Pedro Caeiro
A decisão foi tomada esta manhã em conferência de presidentes e Ursula von der Leyen – até aqui ministra da Defesa na Alemanha – tem agora cinco dias para conseguir os apoios de que necessita para se tornar presidente da Comissão Europeia. E precisa de garantir maioria absoluta, ou seja, o voto de 376 dos 751 eurodeputados. Para isso, nos últimos dias, a candidata indigitada pelo Conselho Europeu tem tido reuniões com os principais grupos políticos e tem estado a apresentar as suas prioridades. É uma operação de charme junto dos principais grupos políticos do Parlamento Europeu à procura de apoios.
Durante os encontros Ursula von der Leyen foi indicando algumas das suas prioridades, com destaque para as alterações climáticas e a protecção do ambiente: “Nós ouvimos a voz das pessoas, sobretudo dos jovens. Querem que actuemos pelo futuro do nosso planeta. Teremos que ser mais ambiciosos porque o tempo está a esgotar-se. O CO2 tem que ter um preço”, afirmou.
Apesar desta prioridade, os Verdes já indicaram que não vão apoiar a candidata. Ursula von der Leyen tem o apoio da sua família política – o PPE – e dos Liberais. Falta ainda garantir o apoio dos socialistas para ser eleita. Mas os socialistas dizem que os compromissos assumidos até agora pela alemã ficaram “aquém das exigências”. E se fosse hoje a candidata não teria o seu apoio, diz o eurodeputado do PS Carlos Zorrinho.
Os socialistas querem ir mais longe em relação aos compromissos assumidos pela candidata alemã em áreas como o quadro financeiro plurianual ou reforma da zona euro. E deixam a porta aberta para votarem a favor se obtiverem cedências.
Já o vice-presidente do grupo do PPE, o eurodeputado Paulo Rangel, reconhece que existe o risco de o Parlamento ‘chumbar’ a nomeação da alemã Ursula von der Leyen. E não exclui um adiamento da votação para dar espaço à negociação. Neste momento não é de excluir nenhum dos cenários.
Novo Parlamento Europeu “mais português”
Os eurodeputados portugueses obtiveram nesta legislatura mais posições de relevo dentro do Parlamento Europeu. Cinco garantiram vice-presidências de comissões do "novo" hemiciclo comunitário eleito no final de maio.
Depois do socialista Pedro Silva Pereira ter sido eleito vice-presidente do Parlamento de Estrasburgo, há outros 5 eurodeputados que conseguem posições de relevo e ocupam lugares-chave em algumas das comissões mais poderosas, como a dos Assuntos Económicos e a dos Orçamentos onde José Gusmão e Margarida Marques serão vice-presidentes.
Na Comissão do Mercado Interno com Maria Manuel Marques, na Comissão das Pescas com Cláudia Aguiar e na Comissão Agrícola com Francisco Guerreiro fica completo o naipe de portugueses vice-presidentes.
As comissões parlamentares desempenham um importante papel no processo legislativo e os vices podem substituir os presidentes nas reuniões e noutros fóruns políticos.
A estas escolhas juntam-se outras das últimas semanas. Paulo Rangel já tinha sido eleito vice-presidente da bancada do PPE. Na semana passada, Pedro Silva Pereira foi eleito vice-presidente do Parlamento Europeu.
José Manuel Fernandes desempenha o cargo de coordenador e porta-voz do PPE na comissão dos Orçamentos.
Marisa Matias e João Ferreira são provisoriamente vice-presidentes do grupo da Esquerda Unitária.
Em relação à última legislatura, os eurodeputados portugueses alcançam assim mais cargos de influência e de visibilidade na organização interna do Parlamento Europeu. Resta agora saber se durante a legislatura conseguem obter relatórios importantes, onde - aí sim - podem deixar marca na legislação europeia.
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