11 mai, 2018 • Ricardo Conceição
“É uma jogada genialissíma” de Marcelo Rebelo de Sousa, “um golpe de génio” diz Olivier Bonamici sobre a ameaça deixada no ar pelo Presidente da República na entrevista à Renascença e jornal "Público".
"Um claríssimo recado ao Governo", complementa Begoña Iníguez. Os comentadores do "Visto de Fora" consideram que o Chefe do Estado foi muito claro numa semana fértil em notícias sobre algum “desnorte” na Proteção Civil. O jornalista francês acrescenta, neste ponto, que o Presidente consegue ir ao encontro dos desejos dos cidadãos e, ao mesmo tempo, encostar o Governo à responsabilidade por aquilo que possa vir a ocorrer.
Com a época de incêndios à porta, a jornalista espanhola mostra-se muito preocupada com a preparação da Protecção Civil e Bombeiros para enfrentar uma eventual nova catástrofe. Begoña Iñiguez recorre a um ditado também usado em Espanha ao afirmar que “é preciso pôr a toda a carne no assador” para garantir um combate eficaz.
Os nossos correspondentes/comentadores suspiram de dúvidas quando confrontados com a pergunta: perante tudo o que vimos e ouvimos nas últimas semanas podemos confiar no sistema? “Não sei” respondem praticamente em uníssono. Olivier Bonamici deixa um alerta sobre a possibilidade de ocorrência de mais mortos ao afirmar que “o balanço não será feito apenas e só pelos números, mas sim pela circunstâncias” em que essas mortes possam vir a ocorrer.
No entanto, este "Visto de Fora" também se fala de música e nesta edição com o Festival da Eurovisão em destaque a pedido de um dos detratores da importância da eurogala, Olivier Bonamici. Há muitas músicas e surpresas (o ouvinte do podcast tem direito a extras) nesta edição, em que os nossos correspondentes voltam a falhar redondamente no Índice de Tugalidade.
Será a Europa um projecto irreversível?
No dia da Europa, o comissário Carlos Moeda defendeu na Renascença que a Europa é um projecto irreversível. Será? Esta é a pergunta de partida para o visto de fora desta semana.
Há momentos na vida em que se os papéis se invertem, os sempre optimistas ficam mergulhados em dúvidas e os pessimistas enfermos de ceticismo crónico acreditam com o sol brilhará num futuro incerto.
Na semana em que se assinalou o dia da Europa confrontámos os nossos comentadores com as declarações de Carlos Moedas. Aos microfones da Renascença. ( http://rr.sapo.pt/noticia/112752/passamos-as-maiores-crises-mas-conseguimos-sobreviver-isso-e-um-sinal?utm_source=cxultimas ) O comissário europeu para a Investigação, Ciência e Inovação defende a ideia de uma União Europeia como “um projeto que terá sempre os seus altos e baixos mas que vai sempre para a frente. Podemos ter muitas dificuldades e passámos as maiores crises desde a II Guerra Mundial, sobretudo nos últimos anos, com o Brexit, o terrorismo, os refugiados e a crise financeira, mas sobrevivemos. Acho que isso é um sinal e o que hoje temos de celebrar é que realmente conseguimos sobreviver a tempos muito difíceis." Para Carlos Moedas "O projeto europeu é irreversível, é um projeto de pactos”. Mas será que todos olham assim para o agora e para o amanhã?
A eterna otimista Begoña Iñguez defende que não e o pessimista Olivier Bonamici acredita que sim. “Acho que neste momento não podemos ter certezas. Está a mudar tudo. A solidariedade europeia está mais fragilizada do que nunca, porque há muita desconfiança entre os europeus. A Europa não está a reagir perante tudo o que está a acontecer no mundo e na Europa, afirma com tristeza Begoña Iñiguez. Um desalento que contrasta com a esperança manifestada pelo sempre céptico Olivier Bonamici. “Claro que não é uma situação óptima, mas é claramente melhor do que há um ano. Há um núcleo duro que continua pró-europeu. Não estou a ver ali sinais de grande perigo”, diz o jornalista francês para quem este “núcleo duro” é constituído por França, Alemanha, Espanha, Portugal e até Itália, “ que está a viver uma fase um pouco estranha”. Segundo Bonamici nenhum destes sair.
Olivier Bonamici considera por outro lado que o “projecto europeu tem um problema grave: as pessoas não se apercebem da importância da Europa” no seu dia-a-dia. O jornalista gaulês dá como exemplo a construção de um mediateca numa zona rural francesa em que a “Europa pagou 2 dos 6 milhões de euros” do custo da obra.
Nesta edição do Visto de Fora falamos ainda do peso de Espanha numa União Europeia sem Reino Unido e ainda da situação política em Itália, onde ainda se procura uma solução de governo.
Este conteúdo é feito no âmbito da parceria Renascença/Euranet Plus – Rede Europeia de Rádios. Veja todos os conteúdos Renascença/Euranet Plus