Siga-nos no Whatsapp
Euranet
Visto de Fora
Begoña Iñiguez e Olivier Bonamici comentam, semanalmente, o país, os portugueses e a Europa. O ponto de vista espanhol e francês para ouvir à sexta-feira às 10h20.
A+ / A-
Arquivo
Visto de Fora - O país visto por dois jornalistas estrangeiros a viver em Portugal - 18/05/2018

Visto de Fora

Bruno de Carvalho "perdeu os papéis"

18 mai, 2018 • Ricardo Conceição


A violência e a corrupção no futebol são temas centrais do Visto de Fora desta semana. Para os nossos comentadores, a comunicação social tem muita culpa no que se está a passar. Nesta edição, há ainda tempo para encerrar o capítulo Eurovisão e falar da limpeza de gargalos de garrafas de cerveja.

A violência, a corrupção, a força dos dirigentes desportivos em Portugal são também notícia lá fora. Olivier Bonamici e Begoña Iñguez contaram na Europa o que se passa cá dentro.

Bruno de Carvalho “perdeu os papéis”, diz a jornalista galega que recorre uma imagem espanhola para caracterizar a atuação do presidente dos leões. “Temos adeptos super violentos” porque “ele incentivou isso”, afirma Iñiguez.

Os dois comentadores do Visto de Fora não poupam nas críticas ao clima que se vive no futebol português, que não encontra paralelo em França ou em Espanha.

Olivier Bonamici atribui “culpas” à comunicação social portuguesa e, sobretudo, aos programas de futebol nas televisões, que “criam um clima terrível”. Em França não há, porque não há a cultura do futebol” como em Portugal, explica o jornalista gaulês.

Só a rádio escapa às críticas de Bonamici, que aponta ainda o dedo aos jornais e lembra que “os editores (jornalistas com responsabilidades de chefia) têm peso”.

“É muito difícil dizer que a culpa é do Sporting, do Benfica e das claques. No dia em que alegadamente o presidente do Sporting suspende Jorge Jesus há dezenas de mortos em Israel. A SIC Notícias deu esta notícia [treinador do Sporting] como se fosse a notícia do século e isto não é normal. Acho que isto não é por audiências, é porque alguns editores adoram falar disto, é a paixão. Tenho a convicção que isto em Portugal passa por uma renovação dos dirigentes e também os jornalistas”, desabafa o jornalista francês.

A parceira de debate é menos taxativa e explica que “em Espanha os reis do desporto estão nas rádios e não nas televisões” e sugere aos portugueses que ouçam mais rádio.

Os “nossos” correspondentes favoritos demonstram ainda alguma incredulidade com o poder dos presidentes dos clubes portugueses. Oliver Bonamici afirma que “tem a ver com o espaço que a comunicação social dá – como é que possível que os presidentes do Sporting, do Benfica e do Porto sejam convidados dos telejornais como que se fossem anunciar uma medida que vai mudar a vida das pessoas? A questão fundamental é esta”, sustenta.

“Dando esta importância, as pessoas em casa começam a achar que isto é importante. Quando dás espaço a pessoas que promovem a violência, tens violência”, remata o comentador.

Neste Visto de Fora, ainda há tempo para fazer um balanço positivo do Festival Eurovisão da Canção e ainda ficámos a saber que há quem aprecie o hábito nacional de limpar o gargalo da garrafa sempre que se serve uma cerveja.


“Trump pode acordar a Europa”

A cimeira em Sofia e a situação política em Itália são temas fortes do Visto de Fora desta semana.

“Não sei se a Europa acordou, mas Trump poderá acordar a Europa.” A frase é de Olivier Bonamici e ilustra a opinião do jornalista francês sobre a carta enviada por Donald Tusk aos líderes europeus por ocasião da cimeira de Sofia, na Bulgária. Numa referência aos Estados Unidos, o presidente da Comissão Europeia deixa no ar uma pergunta que contém em si mesmo a resposta: “com amigos destes, quem precisa de inimigos?”

A Europa tem perdido tempo e protagonismo na cena internacional. Os nossos comentadores entendem que o velho continente é lento a reagir, quando age. O dossier nuclear iraniano parece contrariar esta ideia, mas Begoña Iñiguez e Olivier Bonamici partilham de um certo pessimismo em relação à liderança diplomática que a Europa poderia assumir nesta contenda, que tem Donald Trump (denovo) como o factor de desestabilização.

Regressamos à frase de abertura. O nosso comentador gaulês entende que a Europa pode ter “uma palavra a dizer no multilateralismo, porque os Estados Unidos andam sempre no unilateralismo. Isto é uma carta incrível na mão da Europa, mas, para isso, terá de enfrentar de forma dura os Estados Unidos. Pode ser uma guerra ideológica.” “Olivier, acreditas mesmo nisso?”, pergunta Begoña Iñiguez. A jornalista espanhola não acredita que Bruxelas possa enfrentar Washington desta forma.

Ainda neste capítulo, Begoña Iñiguez explica-nos porque razão Mariano Rajoy não esteve em Sofia. Tratava-se de uma Cimeira União Europeia - Balcãs Ocidentais. O primeiro-ministro espanhol não esteve na sala porque não reconhece o Kosovo como um Estado independente. “Com a eleição do novo presidente do governo da catalunha” o presidente do Governo espanhol achou mais prudente ficar em Madrid, esclarece Begoña Iñiguez. Com a Catalunha a queimar as mãos do executivo madrileno, Rajoy nem quer ouvir falar em independentismos, como é o caso do Kosovo.

Nesta edição do Visto de Fora fala-se ainda da situação política em Itália. Bonamici, que tem sangue italiano, encontra nas carências económicas dos italianos do sul e na riqueza dos compatriotas do norte uma explicação para os resultados alcançados pelo Movimento 5 Estrelas e Liga do Norte. A vitória dos populistas está relacionada com um cansaço dos eleitores com os partidos tradicionais, que em décadas não resolveram os problemas.

A notícia de um acordo para a formação de um governo em itália surgiu poucos minutos depois do fim do nosso programa semanal.


Este conteúdo é feito no âmbito da parceria Renascença/Euranet Plus – Rede Europeia de Rádios. Veja todos os conteúdos Renascença/Euranet Plus

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.