16 set, 2020 - 12:45 • Rui Viegas com Redação
Só há um caminho para Luís Filipe Vieira: a saída do Benfica. Depois de falhar o acesso à Liga dos Campeões, com a derrota contra o PAOK, Rui Gomes da Silva, um dos adversários de Vieira nas eleições para a presidência, considera que o atual líder perdeu as condições que dispunha para continuar.
Em entrevista a Bola Branca, Gomes da Silva considera que Vieira é atualmente o "maior problema" do Benfica.
"Luís Filipe Vieira não tem mais condições para ser presidente do Benfica, e já não tem há algum tempo. Deixou de ser a solução e não se tornou parte do problema, mas sim o grande problema do Benfica", diz.
O candidato à presidência das águias acredita que Luís Filipe Vieira lidera o Benfica com o seu interesse pessoal como prioridade.
"Com esta situação de crise de pandemia, sem saber quando chegarão as receitas do Benfica, Luís Filipe Vieira deu uma corrida louca na direção ao precipício, que está quase a chegar. Com esta derrota, tornou o Benfica numa equipa frágil do futebol europeu de segunda linha. As pessoas cansam-se. Independentemente de ter sido importante para o Benfica, perdeu o sentido do interesse do clube. O norte da sua atuação é o seu interesse pessoal", afirmou.
O antigo vice-presidente de Luís Filipe Vieira critica a visão demasiado virada para os negócios do atual presidente e aponta para a mudança de projeto como exemplo.
"O Benfica tem de ser um projeto desportivo, não é para fazer bons negócios. A Vieira só lhe interessam os negócios. Não tem rumo. Ele dizia que o rumo era o Seixal, ser campeão europeu com o Seixal, que não iria sair enquanto não fosse campeão europeu. Disse isto há três meses. Depois despediu Bruno Lage, que era o treinador do projeto, e vai buscar Jesus, que é o oposto", critica.
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Mas na mira de Rui Gomes da Silva, como culpado do insucesso recente, não está apenas Vieira e a sua alegada falta de projeto.
"Durante anos andamos a elogiar parcerias estratégicas que deram cabo do Benfica, agora há outras, com outros empresários. Parece que houve uma semi-rutura do Benfica com Jorge Mendes. O Benfica é muito grande, não tem de ter parcerias. Tem de ter autonomia estratégica. Com Vieira, o caminho do Benfica são os caminhos dos empresários", diz.
A equipa de Jorge Jesus foi afastada da corrida à fase de grupos da Champions. Rui Gomes da Silva admite uma mudança de discurso por parte do clube.
"A maneira airosa e leve como saímos da Liga dos Campeões e não houve pena por causa disso. Saímos e, pronto, vamos para a Liga Europa. O discurso sempre foi para a Liga dos Campeões, porque achavam que Salónica era fácil e Krasnodar não iria acontecer como com o Porto. Agora importante vai ser a Liga Europa, vai ser o novo paradigma", diz.
Na sexta-feira, o Benfica arranca o campeonato nacional em Famalicão. Rui Gomes da Silva não acredita que o desaire europeu faça mossa e destaca um fosso crescente entre as provas domésticas e internacionais.
"Era o que faltava o Benfica, por perder em Salónica, tivesse efeitos em Famalicão. Apesar de tudo, estamos a desgraduar o futebol português, cada vez mais fraco. As equipas como o Benfica, vão estando mais fracas na Europa, mas mais fortes a nível interno", termina.