24 fev, 2021 - 14:26 • Redação
Jorge Jesus descarta responsabilidades pela crise de resultados do Benfica e garante que não se demitirá. O treinador insurge-se contra as críticas, que considera injustas, e pede mais "carinho" para ele próprio, para os jogadores e para o presidente, Luís Filipe Vieira.
"Eu não vou sair por pé nenhum porque não me sinto responsável por esta crise do Benfica. Nem eu, nem os jogadores, nem o presidente, nem a estrutura. Fomos apanhados no meio de uma pandemia que foi novidade para toda a gente. Se eu estivesse a trabalhar e aparecessem estes resultados, eu assumia as minhas responsabilidades", declarou o técnico encarnado, esta quarta-feira, em conferência de imprensa, antes de sublinhar: "Não falhei e poucas vezes falho."
Jorge Jesus considera que o Benfica foi "alvo de críticas injustas", durante os últimos dois meses e meio, e responsabiliza o surto de Covid-19 que assolou a equipa em janeiro pelos maus resultados:
"Esta crise não tem nada a ver comigo, não tem nada a ver com os meus jogadores. Também disseram que eles não corriam, não suavam a camisola, mas como, se eles vieram de uma doença que ninguém consegue controlar? Depois do jogo do Porto, tivemos 10 jogadores com Covid, mais 16 pessoas do 'staff'. Os jogadores perderam várias sessões de treino durante dois meses e tal. [Dizem que] a mensagem não passa. Mas qual mensagem, se não podíamos sequer estar juntos para falar?"
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O treinador lembrou que, no final de dezembro, o Benfica era segundo classificado, a dois pontos do Sporting. Surgiu, então, o surto de Covid-19, com novos casos "semana após semana". Por arrasto, os maus resultados. Neste momento, o Benfica é quarto, a 15 pontos do líder.
Jesus garantiu que os efeitos do novo coronavírus duraram: "Os meus jogadores são controlados em todos os treinos e todos os jogos. A um jogador que teve Covid perguntem-lhe quantos mais dias teve dificuldades. Tive de pôr a jogar alguns jogadores ao 13.º dia, incluindo este [Pizzi, que estava sentado ao lado do treinador], que no final de um jogo me disse: 'mister, estou muito diferente, isto ainda nos marca'."
"Uma coisa é ter Covid e estar em casa em teletrabalho. Outra coisa é ter Covid e estar a correr. A máquina do jogador é ele", vincou.
Agora, todos os jogadores estão recuperados, já capazes de fazer dez ou mais quilómetros por jogo, "um sinal que a equipa está a melhorar fisicamente". Ainda assim, a doença "marcou psicologicamente".
"Temos muitos pontos de diferença para o primeiro [do campeonato], mas ainda temos muita coisa para ganhar", garantiu o técnico.
Jorge Jesus considera que "a imunidade chegou ao grupo do Benfica" e que, "durante três, quatro meses não haverá casos de Covid no Benfica". Só Rafa, Samaris e Chiquinho não tiveram Covid", explicou.
Benfica
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Jorge Jesus revelou que esteve reunido com Rui Costa, diretor da SAD, e Luís Filipe Vieira, como ressalvou acontecer "todas as semanas", para perceber como sair da crise provocada pela pandemia.
"Sabemos que o campeonato está difícil, mas não atiramos a toalha ao chão. Peço à nação benfiquista que acarinhe a equipa e os jogadores, porque nós não somos culpados por estes resultados. É para eles que nós trabalhamos. Precisamos do apoio deles. O Benfica está numa crise e precisamos do carinho deles", vincou o treinador.
Jorge Jesus descartou, portanto, qualquer possibilidade de sair do Benfica ou que haja qualquer desentendimento com Luís Filipe Vieira.
"Eu vim para o Benfica porque acreditei no projeto do presidente e continuo a acreditar. O presidente não tem responsabilidade pela Covid. No meu último clube [Flamengo, do Brasil], só não ganhei o Mundial de Clubes. Os meus jogadores ganharam o resto. Sei que os treinadores nem sempre ganham, mas em relação a isto não tem nada a ver com falta de qualidade dos jogadores, da estrutura", concluiu.
Jorge Jesus fazia a antevisão do duelo do Benfica com o Arsenal, marcado para quinta-feira, às 17h55, na Grécia, a contar para a segunda mão dos 16 avos de final da Liga Europa. O jogo da primeira mão, em que o Benfica foi anfitrião, apesar de jogar em Roma (devido à pandemia), terminou com empate por 1-1. A partida decisiva terá relato em direto na Renascença e acompanhamento ao minuto em rr.sapo.pt.