08 jul, 2021 - 10:39 • Miguel Coelho
Esquemas vários para desviar dinheiro e limpar dívidas estão na base da detenção de Luís Filipe Vieira na quarta-feira. O Ministério Público acusa o dirigente de vários crimes financeiros, através dos quais terá lesado o Estado e o próprio Benfica em elevados montantes.
Há indicação de que pode começar a ser ouvido esta tarde. O presidente do Benfica foi detido juntamente com outras três pessoas: o filho Tiago e dois empresários.
Uma vez que Luís Flipe Vieira é considerado o principal arguido, é natural que o juiz Carlos Alexandre queira interrogá-lo em último lugar, pelo que não seria de estranhar que esta fase não fique concluída hoje.
Joe Berardo, por exemplo, que foi também detido em circunstâncias de algum modo semelhantes na semana passada, acabou por passar três noites detido antes de ser libertado sob caução.
A prisão preventiva não é de excluir. O próprio advogado de Luís Filipe Vieira admitiu que, pela forma como o Ministério Público justificou as detenções e as suspeitas que recaem sobre o presidente do Benfica, é possível que venha a ser decretada a prisão preventiva.
Nesse caso, o advogado já garantiu que irá recorrer. Mas as medidas de coação só serão conhecidas depois do primeiro interrogatório judicial, a que os arguidos vão ser submetidos.
Segundo o Ministério Público, Luís Filipe Vieira é suspeito de crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento.
O Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) está a investigar negócios e financiamentos superiores a 100 milhões de euros, que podem ter causado elevados prejuízos ao Estado, ao Novo Banco e ao Benfica, desde 2014.
O que a imprensa desta manhã de quinta-feira refere é que Vieira terá montado um esquema em que participaram o filho Tiago e o empresário Bruno Geraldes Macedo para desviar dinheiro do clube da Luz.
Por exemplo, no caso de Bruno Macedo, que possui várias empresas de agenciamento de jogadores, o empresário aumentaria indevidamente as comissões das transferências, que depois reverteriam para empresas do universo de Luís Filipe Vieira, para onde terão sido desviados quase dois milhões e meio de euros.
O dirigente passou a noite nas instalações do Coma(...)
Em investigação está igualmente a restruturação das dívidas do grupo Promovalor, de Vieira, ao Novo Banco que, em maio de 2017, ascendiam a 267 milhões. Para limpar a dívida, foi criado um fundo gerido por uma empresa presidida por Nuno Gaioso Ribeiro, vice-presidente da SAD do Benfica e da qual também o filho de Vieira, Tiago, chegou a ser administrador e sócio.
O inquérito investiga também suspeitas de crimes na maneira como uma dívida de 54 milhões de euros contraída por outra empresa de Vieira, a Imosteps, junto do Novo Banco, foi parar às mãos do amigo e sócio José António dos Santos – o chamado “Rei dos Frangos”, por ter ligação à indústria de produção e venda de aves.
Ainda não há informações oficiais. Alguns jornais escrevem que, no caso de Vieira não poder assumir a presidência, sobe ao lugar o vice-presidente. Tudo aponta que possa ser Rui Costa o escolhido para preencher um eventual vazio de poder na Luz.
Mas a oposição a Luís Filipe Vieira não concorda com este cenário e pede eleições antecipadas. As últimas eleições no clube foram em outubro e Vieira venceu com mais de 60% dos votos.
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