10 jul, 2021 - 09:24 • Lusa com redação
O empresário Luís Filipe Vieira, presidente do Benfica suspenso de funções, já chegou ao Tribunal Central de Instrução Criminal para ser presente hoje a primeiro interrogatório judicial, no âmbito do processo "Cartão Vermelho".
Vieira e os outros três detidos no processo chegaram ao tribunal às 09:03, depois de pernoitarem pela terceira vez consecutiva nas instalações do Comando Metropolitano da PSP de Lisboa, em Moscavide.
Luís Filipe Vieira, de 72 anos, será a última das quatro pessoas detidas no âmbito da investigação "Cartão Vermelho" a ser ouvida pelo juiz Carlos Alexandre, antes da aplicação das medidas de coação.
Magalhães e Silva, advogado de Luís Filipe Vieira, explicou, antes de entrar na manhã deste sábado no Tribunal Central de Instrução Criminal, a decisão do cliente em suspender funções no Benfica.
"A estratégia foi pôr os interesses do Benfica à frente dos interesses de Luís Filipe Vieira", afirmou, questionado se a decisão pode levar Carlos Alexandre a decretar uma medida de coação mais leve. "Vai depender do juiz sobre a situação em concreto", respondeu. "Espero que corra tudo bem para Vieira, mais nada. Vai prestar declarações e procurar esclarecer tudo o que o juiz queira que seja esclarecido", acrescentou.
Na sexta-feira, o empresário José António dos Santos foi o primeiro a prestar declarações, durante a manhã, seguindo-se, da parte da tarde, os interrogatórios de Bruno Macedo e de Tiago Vieira, filho de Luís Filipe Vieira.
Também na sexta-feira, Luís Filipe Vieira comunicou a suspensão do exercício de funções como presidente do Benfica -- nas quais foi substituído por Rui Costa -, por intermédio do seu advogado, à porta do TCIC, onde aguardava para ser presente a primeiro interrogatório judicial, o que só acontecerá hoje.
Segundo o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), os quatro detidos são suspeitos de estarem envolvidos em "negócios e financiamentos em montante total superior a 100 milhões de euros, que poderão ter acarretado elevados prejuízos para o Estado e para algumas das sociedades".
Em causa estão "factos ocorridos, essencialmente, a partir de 2014 e até ao presente" e suscetíveis de configurar "crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento".
Para esta investigação foram cumpridos cerca de 45 mandados de busca a sociedades, residências, escritórios de advogados e uma instituição bancária em Lisboa, Torres Vedras e Braga. Um dos locais onde decorreram buscas foi a SAD do Benfica que, em comunicado, adiantou que não foi constituída arguida.