14 jul, 2021 - 14:09 • Redação
Veja também:
A SAD do Benfica comunicou, esta quarta-feira, que Luís Filipe Vieira, presidente auto-suspenso, tem 30 dias para abdicar em definitivo.
Em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o Benfica anuncia que, em face do teor das medidas de coação aplicadas a Vieira no âmbito do processo "cartão vermelho", de que é arguido, declarará o termo das funções do presidente suspenso como membro do Conselho de Administração da SAD no prazo de 30 dias.
Luís Filipe Vieira pode, em alternativa, sair pelo próprio pé, no mesmo prazo. A alternativa é a cessação das medidas de coação, "em especial a proibição de contactar com os demais membros do Concelho de Administração, situação que, na verdade, resulta na impossibilidade de exercer funções como membro do órgão de administração".
"Esta decisão é tomada ponderando os interesses da Benfica SAD e a necessidade de transmitir, com clareza e transparência a todos os 'stakeholders' da Benfica SAD, informação acerca da composição e do funcionamento do Conselho de Administração", esclarece a SAD.
O advogado Magalhães e Silva diz que o seu cliente(...)
Na passada sexta-feira, ainda antes de conhecer as medidas de coação, Luís Filipe Vieira suspendeu funções como presidente do Benfica. Ato contínuo, Rui Costa assumiu a liderança do clube e da SAD e, no primeiro discurso aos sócios e adeptos, afirmou que "são tempos de união".
Na segunda-feira, em entrevista à TVI, o advogado de Luís Filipe Vieira disse que o seu constituinte "está a ponderar" regressar ao Benfica.
Magalhães e Silva lembrou que foi Vieira que suspendeu as suas funções como presidente do Benfica, pelo que, "quando entender retomar, nada o impedirá". "Será ele a decidir isso", assinalou o advogado.
Na terça-feira, após reunião de quase quatro horas dos órgãos sociais, o Benfica revelou que iria a eleições até ao final do presente ano. Será o segundo sufrágio na Luz em pouco mais de um ano, visto que, em outubro de 2020, Luís Filipe Vieira foi reeleito presidente.
Relativamente ao alegado desvio de 2,5 milhões de euros da SAD do Benfica, por parte de Luís Filipe Vieira, para proveito próprio, a sociedade garante que está a cooperar com as autoridades competentes: "Prestando as informações que lhe foram solicitadas e diligenciando no sentido de apurar os factos relevantes para, conforme previsto na lei, aferir o cumprimento dos deveres legais e contratuais por parte do Sr. Luís Filipe Vieira enquanto membro do Conselho de Administração."
Decisão foi tomada esta terça-feira, após reunião (...)
No sábado, o juiz Carlos Alexandre decretou prisão domiciliária a Luís Filipe Vieira, até ao pagamento de uma caução de três milhões de euros no prazo de 20 dias. O presidente suspenso do Benfica ficou obrigado a entregar o passaporte para evitar uma fuga do país e não pode contactar os arguidos — à exceção do filho, Tiago Vieira —, além de elementos da direção e da administração do Benfica e qualquer administrador ou funcionário do Novo Banco (leia aqui a decisão na íntegra).
O presidente do Benfica com mandato auto-suspenso também não pode contactar Nuno Sérgio Durães Lopes, António Rodrigues de Sá, Vítor Manuel Dantas de Machado, Diogo Chalbert Santos e José Gouveia.
Luís Filipe Vieira também não pode falar com Vítor Fernandes, que foi nomeado pelo Governo para liderar o novo Banco de Fomento e que já passou pela Caixa Geral de Depósitos, BCP e Novo Banco.
Eleições antecipadas
Paula Pinho revela a Bola Branca que o movimento t(...)
Na operação "cartão vermelho", Luís Filipe Vieira está indiciado por abuso de confiança, burla qualificada, falsificação de documentos, branqueamento de capitais, fraude fiscal e abuso de informação.
Também são arguidos o empresário José António dos Santos, também conhecido como "Rei dos Frangos", Tiago Vieira, o filho do presidente auto suspenso do Benfica, e o agente de futebol Bruno Macedo. A investigação que levou à detenção destes quatro indivíduos envolve financiamentos e negócios que superam os 100 milhões de euros.
A operação "cartão vermelho" investiga suspeitas de vários esquemas de fraude que causaram prejuízos não só à SAD do Benfica ou ao Novo Banco, mas também ao Estado português, através de impostos não cobrados e injeções de capitais públicos no Novo Banco e de financiamento ao Fundo de Resolução. Financiamentos que são suscetíveis de configurar "crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento".