01 ago, 2022 - 12:45 • Luís Aresta
Não serão “favas contadas”, mas se o Midtjylland se apresentar na Luz com a mesma vertigem ofensiva com que abordou o AEK Larnaca na segunda pré-eliminatória, o Benfica tem seguramente a vida facilitada na Liga dos Campeões.
É o que pode concluir Rafael Lopes, avançado do emblema cipriota, com base no comportamento dos dinamarqueses nos dois jogos da segunda pré-eliminatória. Numa entrevista a Bola Branca, Rafael Lopes identifica a maior debilidade do Midtjylland:
“Eles colocam muitos jogadores na frente. Os alas são muito ofensivos, o central do lado esquerdo também gosta de conduzir bola e deixam um bocado de espaço nas costas para explorar”, assinala o avançado do AEK, admitindo que “provavelmente, contra o Benfica, não irão fazer isto, mas nunca se sabe”, considera.
Rafael Lopes detalha a forma de jogar do Midtjylland, com três centrais.
“Contra nós foi um 3x4x3, mas em ataque é quase um 3x2x5. Colocam quase sempre cinco ou seis jogadores no último terço a atacar. Jogam com três centrais e dois alas, foi esse o sistema que apresentaram contra nós. Os jogos que observámos, do campeonato, foram mesmo sentido, por isso admito que é esse o sistema que o Benfica irá encontrar”, declara o ponta-de-lança do AEK Larnaca.
Confrontado pela Renascença pelos riscos de colocar tanta gente na frente de ataque, perante um adversário mais experiente e super-rápido nas transições ofensivas (de que Rafa Silva é o exemplo acabado), Rafael Lopes responde que “quando começar o jogo, o Benfica vai rapidamente perceber como o Midtjylland joga, como atacam e como defendem".
"Acho que mais cedo ou mais tarde o Benfica irá acabar por marcar, porque tem muita qualidade individual e coletiva. Facilmente não, porque no futebol nada é fácil, mas acredito que o Benfica vai passar e vai já fazer um bom resultado em casa”, prevê.
Dinamarca
Em entrevista à Renascença, o diretor-desportivo d(...)
Rafael Lopes ainda não digeriu a forma como o Midtjylland foi a Larnaca, na ilha de Chipre, transformar um pesadelo o sonho do AEK de ir o mais longe possível na Liga dos Campeões.
Depois do empate (1-1) na Dinamarca, a equipa cipriota repetiu o resultado em sua casa e acabou eliminada no desempate por penáltis.
O avançado do AEK não hesita em declarar que não gostou da forma de jogar do conjunto dinamarquês, embora destaque a criatividade colocada no ataque e o papel de Anders Dreyer, um ponta de lança que, não sendo alto (1,74m), dá muito trabalho aos defesas.
“Principalmente na frente têm jogadores com muita qualidade individual. Contra nós apostavam muito no jogo direto, principalmente para o avançado que é muito forte a segurar a bola, a pentear. Não tentavam jogar desde trás, foi mais futebol direto, sobretudo no jogo aqui em Chipre", revela Rafael Lopes, antes de confessar desalento pela eliminação por um adversário que, em sua opinião, foi inferior ao AEK Larnaca.
“Pessoalmente, não gostei muito da equipa deles. Acho que tivemos uma infelicidade muito grande ao não passar a eliminatória nos penaltis, que se diz sempre que é uma lotaria. No jogo em si fomos melhores do que eles, não acho que sejam uma equipa muito boa. Contra nós fizeram dois empates e acabámos por ser eliminados nos penaltis”, observa o avançado.
Ainda foi com Bo Henriksen a orientar a equipa que o Midtjylland foi a Larnaca eliminar o AEK.
As exibições pouco convincentes e, mais do que isso, a impiedosa gestão estatística do futebol praticado pelo conjunto dinamarquês, ditariam, poucos dias depois, o despedimento do treinador, para que fosse o adjunto Henrik Jensen a assumir interinamente o comando técnico.
“Quando se muda de treinador, há sempre aquela energia inicial de querer mostrar e isso pode ser positivo, mas acredito que praticamente nada irá muda na estratégia do Midtjylland e vai ser muito difícil para eles fazerem um resultado positivo na Luz”, considera.
Já a pré-época 100% vitoriosa do Benfica, agora treinado por Roger Schmidt, pode, na opinião de Rafael Lopes, acrescentar confiança aos jogadores.
“Costuma dizer-se que na pré-época são os aspetos físicos o mais importante, mas se se juntar a isso bons resultados, melhor ainda, porque dá mais confiança para o início da época. O Benfica esteve muito forte em ambos os aspetos, por isso tem tudo para iniciar bem a época, começando já pela eliminatória com o Midtjylland”, declara.
Nesta entrevista à Renascença, Rafael Lopes sublinha que “o Benfica tem tudo para fazer um bom resultado e deve fazê-lo para ir mais confortável à Dinamarca".
"O campo lá é pequeno, mas é bom. Os adeptos puxam por eles desde o início e se o resultado nesta fase não for positivo, o ambiente pesado na Dinamarca pode tornar as coisas mais difíceis. Acredito que, mais facilmente ou mais dificilmente, o Benfica vai conseguir um bom resultado em casa”, enfatiza.
Rafael Lopes cumpre a quarta época lá fora, após a saída do Boavista. Depois de três épocas a jogar na Polónia, o avançado rumou este verão a Chipre, onde - sobretudo após o empate do AEK na Dinamarca - alimentou o sonho de chegar à fase de grupos da Liga dos Campeões.
O novo objetivo é chegar à Liga Europa, agora que ficou para o sonho do jogador português de 31 anos.
“Era isso, chegar o mais longe possível na Liga dos Campeões. Não havendo essa possibilidade, passamos ao próximo objetivo que é entrar na fase de grupos da Liga Europa; é nesse sentido que vamos trabalhar e que eu vou ajudar a equipa”, termina.