17 abr, 2023 - 18:18 • Rui Viegas
Jorge Castelo, preparador e treinador que trabalhou no Benfica na década de 90, aponta a fadiga, a falta de eficácia, uma crise de confiança e a saída de Enzo Fernández como principais motivos para o atual mau momento da equipa de Roger Schmidt, que soma três derrotas consecutivas.
Em declarações a Bola Branca, o antigo adjunto de treinadores como Sven-Goran Eriksson, Tomislav Ivic, Toni, Manuel José ou Graeme Souness começa por destacar o cansaço de város jogadores.
"Existe uma utilização bastante contínua dos mesmos jogadores e isso pode levar-nos a pensar que alguns jogadores estão um pouco fatigados. Também verificamos que o Benfica faz 20 e tal jogos em que alguns conceitos de jogo, como a reação rápida à perda da posse de bola e ganhar a bola no meio-campo adversário, estão bastante absorvidos e, de repente, parece que desapareceram. E atenção: não desapareceram [nas derrotas] com o Porto, nem com o Inter, nem com o Chaves. Já vinham a desaparecer a seguir à vinda das seleções", assinala.
Jorge Castelo aponta um exemplo do que pode estar mal: a finalização. A equipa de Roger Schmidt até tem os dois melhores marcadores do campeonato, Gonçalo Ramos e João Mário. No entanto, o treinador e preparador salienta que é "estranho como o Benfica, com a qualidade dos jogadores que tem, só faz golos se estiver perto da linha de golo".
Apesar da qualidade individual do plantel, há um buraco que não foi tapado e que, na opinião de Jorge Castelo, faz muita diferença numa altura em que o Benfica está a jogar pior e a acumular maus resultados.
A saída Enzo Fernández para o Chelsea, em janeiro, por 125 milhões de euros, "não se fez sentir logo", contudo, está agora a fazer mossa.
"Não podemos comparar o Enzo com qualquer elemento do meio-campo do Benfica. Senão, quando vieram buscar o Enzo, porque é que não levavam outro jogador qualquer? Não é só agora, mas sente-se claramente, nestas situações mais difíceis, que Enzo faz bastante falta ao Benfica", assume Jorge Castelo, nesta entrevista à Renascença.
Por fim, e não menos importante, a quebra de confiança dos jogadores: "Do ponto de vista mental, parece que não estão em primeiro lugar."
"A partir de certo momento, parece que os jogadores começaram a desconfiar de si próprios. É preciso uma mentalidade muito mais forte, porque as outras equipas estão a aproximar-se", frisa Jorge Castelo.
O Benfica perdeu os últimos três jogos que disputou, frente a Inter de Milão, FC Porto e Desportivo de Chaves. Está em desvantagem (2-0) nos quartos de final da Liga dos Campeões e viu a vantagem para o Porto, na liderança do campeonato, reduzir de dez para quatro pontos.