19 abr, 2024 - 11:30 • Hugo Tavares da Silva
Há uma velha máxima no futebol, talvez na vida na verdade. Quando tudo está mal, o mal não se ficou por aí e, insaciado, algo acabará por piorar.
Foram, até agora, apenas 33 vitórias em 51 jogos na temporada dos ainda campeões nacionais. Os 49 golos sofridos atestam os problemas, enquanto os 102 marcados não falam sobre uma voracidade pueril pelos ferros que moram no horizonte. Segundo lugar, missão quase impossível, Liga dos Campeões humilde e desapontante e uma queda na Taça de Portugal contra o eterno e airoso rival lisboeta.
Pelo meio viveram-se inúmeras questões, seja por opções táticas, seja por jogadores que foram caindo inexplicavelmente, passando por questões de balneário sensíveis, como egos, senhores que não saem do relvado e a gestão do caso Odisseas Vlachodimos e ainda os futebolistas que jogam fora de posição, passando assim um atestado de incompetência aos atletas que jogam naquele posto.
Quando tudo está mal, o mal não se fica por aí, certo? Pois bem, a Europa era a salvação de uma temporada cinzenta, triste, a galáxias de distância do futebol deslumbrante ou pelo menos eletrizante do ano passado. Com a Atalanta a tratar de angustiar a saída de Jurgen Klopp, depois daquele mágico 3-0 em Anfield, a perspetiva de uma final europeia não era a ideia mais impossível do mundo para os portugueses.
Com um guião espetacular para os quartos de final, para atrair Sven-Goran Eriksson à Luz, reviveu-se a semifinal da Taça dos Campeões Europeus de 1990 contra o Marselha. Já sem Francescoli, Papin, Waddle ou Mozer, os franceses contavam com argumentos mais frouxos. O Benfica, sempre hesitante, não fechou a eliminatória em Lisboa e permitiu ao Stade Vélodrome ter voz nesta história. E ao fado de Roger Schmidt, que, segundo o "Zerozero", até aqui tinha seis derrotas em nove disputas por penáltis.
Ángel di María e António Silva falharam os remates dos 11 metros e aquele gigante do sul de França celebrou. Este desfecho não é, no entanto, uma novidade para Roger Schmidt. Desde que chegou ao Benfica, teve três disputas por grandes penalidades: quartos de final da Taça de Portugal contra o SC Braga, semifinal da Taça da Liga contra o Estoril e agora contra este Marselha que não tem o tamanho de tempos idos.
E perdeu sempre.
Com os minhotos, apenas Fredrik Aursnes falhou, ou permitiu a defesa de Matheus. João Mário, Nicolás Otamendi, António Silva e Alejandro Grimaldo fizeram a sua parte.
No duelo contra o Estoril, falharam Tomás Araújo e Marcos Leonardo. João Mário, Otamendi, Arthur Cabral e di María acertaram no alvo.
Olhando para a fita toda, a reboque dos registos do Transfermarkt, o Benfica disputou 17 concursos por grandes penalidades, ganhando em oito ocasiões e perdendo em nove.
O saldo negativo ainda fica mais negativo quando, entre as derrotas, constam finais europeias (PSV em 88, Sevilha em 2014). Falharam Veloso contra os holandeses e Óscar Cardozo e Rodrigo diante dos espanhóis. Também numa Supertaça, contra o FC Porto, em 1994, os lisboetas caíram no pesaroso momento do penálti: Kennedy e William pecaram perante Vítor Baía.
Também houve finais felizes. Em 2009, o Benfica venceu o Sporting na final da Taça da Liga, depois de penáltis, e, em 2015, os encarnados superaram desse jeito o Rio Ave, na final da Supertaça.