12 set, 2024 - 16:42 • Carlos Calaveiras
O advogado João Diogo Manteigas vai apresentar oficialmente a candidatura à presidência do Benfica esta sexta-feira.
A confirmação foi deixada pelo próprio ao Record: “Tenho projeto desportivo e financeiro e equipa. É a pensar em 2025, não quero criar instabilidade agora, quero que estes órgãos sociais cumpram o atual mandato".
A candidatura já tem lema: “Benfica vencerá”.
Mas quem é João Diogo Manteigas?
É advogado, com pós graduação em direito desportivo e MBA em gestão e liderança de futebol. Foi comentador da Btv, da CNN Portugal e colunista em “A Bola”.
É professor convidado na pós-graduação em direito do Desporto da Universidade Lusófona e formador da Liga Portugal.
E o que defende João Diogo Manteigas?
Nos últimos anos, Manteigas tem sido crítico da atual liderança de Rui Costa e deixou isso expresso em várias ocasiões.
Por exemplo, na última assembleia-geral dos encarnados, realizada a 15 de junho, João Diogo Manteigas foi duro para Rui Costa: “Reconheço-lhe mais competência em campo".
"O que é que o senhor andou a fazer na SAD durante este tempo todo?", questionou.
“Exijo-vos coragem, sobretudo a si senhor presidente. O que andou a fazer nos 13 anos em que foi administrador da SAD, desde 2008 até julho de 2021? Tinha mais competência dentro de campo do que fora dele. Digo isto com alguma mágoa, pois é alguém que estava todos estes anos na SAD, cabia-lhe a si defender os nossos interesses dentro da SAD. Era visto como um de nós, mas parece que perdeu o fio à meada a partir de outubro de 2021", disse João Diogo Manteigas.
O agora candidato não esqueceu a auditoria: "A auditoria foi entregue em maio deste ano? A auditoria acabou o ano passado, essa mesma auditoria que, obviamente, não deixa ninguém agradado. Foi entregue no dia anterior para ninguém ter hipóteses de levantar dúvidas. Não sei o resultado do orçamento, o que tenho a dizer-vos, meus caros amigos, é: 'Boa sorte para a próxima época, pois será a sorte de todos nós. Sorte para uma coisa que não foram capazes de fazer nos últimos 3 anos: competência, uma competência que não é coincidente com a história do Benfica. Se querem resolver problemas internos, tragam-no cá para dentro, falamos perante a nossa família, não se resolve na comunicação social, resolve-se na nossa casa".
Na última crónica em “A Bola”, a 18 de junho, acrescentou: “Escolheu o caminho errado (decisões essenciais tomadas no passado moldam-nos para sempre o futuro), colocou-se a jeito et voilà: quatro anos depois, analisamos uma auditoria que é um rascunho por editar ao ponto da sua própria criadora assumir, veja-se bem, que não realizou qualquer verificação sobre a autenticidade da documentação que lhe foi entregue e, no caso das cópias com que basearam o trabalho, nem sequer verificaram a sua conciliação com os respetivos originais”.
A 28 de maio, também em “A Bola”, o advogado criticou “a comunicação do Benfica”. “Paz à alma da comunicação do Sport Lisboa e Benfica”.
“Crê-se na atestação do seu óbito e a recente entrevista do presidente em funções dificilmente a conseguirá ressuscitar. Isto porque não se pode optar por dar mais relevância ao facto da entrevista ter sido aberta a vários meios de comunicação do que propriamente fomentar o debate sobre a pouca clareza daquilo que foi dito pelo seu chefe máximo”, escreveu.
A direção foi igualmente criticada por ter mantido e reforçado a permanência do treinador Roger Schmidt.
“Está à vista que a Direção falhou redondamente no onboarding de Schmidt ao não lhe terem explicado o conceito de mística (trademark publicamente reconhecida em 120 anos de vida), bem como a árdua tarefa e realidade com que este teria que lidar, sobretudo, se ganhasse. Quando esta Direção decidiu sobrecarregar, em sentido oposto à sustentabilidade financeira, custos estruturais internos com staff técnico e jogadores a troco de centenas de milhões de euros, pelo menos que se tivesse assegurado que dos currículos dos contratados constasse fome de vencer e respeito por quem lhes irá bater palmas ou dirigir impropérios (comportamento justificado e normalíssimo para qualquer pai de família no futebol)”, escreveu a 14 de maio.
Manteigas escreveu em “A Bola” a 7 de maio: “O setor desportivo profissional não tolera a falta de experiência, nem dá tempo a quem não a tem para a conquistar. Neste mesmo setor onde me integro intensamente há 17 anos, aprende-se que a falta de transparência, adaptação e pulso forte significa uma morte lenta em que só se desconhece a hora da sua consumação. E não esqueçamos que o líder tem que agradar e manter vivo o imperioso associativismo. Este mesmo que permitiu Rui Costa aceder ao cargo sobre o qual não se poderia furtar, tal era a sua responsabilidade. Palavras dele após Vieira ser detido em Julho de 2021.”
As eleições no Benfica devem decorrer em outubro de 2025.