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António Simões: “Discutimos muito mais o resultado do que o jogo”

04 dez, 2024 - 10:10 • Marisa Gonçalves

Aos 80 anos de idade, António Simões apresenta em livro as suas memórias e deixa conselhos sobre a forma de abordar o futebol. Quanto ao Benfica, diz ter confiança em Bruno Lage para alcançar novos sucessos.

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O antigo capitão do Benfica António Simões acaba de lançar um livro com as suas memórias dos tempos de jogador.

Afirma tratar-se de uma obra para todas as gerações e, em especial, para quem queira conhecer um pouco do mundo do futebol e do país.

“Pretende dar a conhecer aquilo que o mundo me deu, o mundo da bola. Tentei agarrar-me sempre à parte boa da bola, a paixão, o jogo, o grande jogador, o grande golo, é tudo isso. Mas, depois disso, há mais. E nós agarrarmo-nos ao jogo, naquilo que são as virtudes que o jogo tem, em vez de nos agarrarmos aos defeitos”, declara à Renascença.

Diz António Simões que é preciso não deixar que os defeitos vençam as virtudes. Tanto na vida, como no desporto.

“Discutimos muito mais o resultado do que o jogo. Se discutirmos mais o jogo, nós aprendemos mais e ensinamos mais. Ora, o público gosta de ver o jogo, tem paixão pelo jogo, mas tem um défice da cultura do jogo. É disso que eu falo. Eu quero dar a conhecer o que aprendi”, concretiza.

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Desafiado a olhar para a atual equipa do Benfica, António Simões aponta melhorias que acredita poderem trazer novos triunfos.

“Não há conflito de pensamentos. Eu vejo a equipa à frente do jogo, quando a vejo jogar. Isso é um sinal muito positivo. Eu tenho confiança no Bruno Lage e acho que é um jovem treinador que se sabe relacionar com as pessoas, tem exigência e tem afeto. Acredito que com esse método e com um plantel que me parece um pouco melhor do que o do Sporting ou do Porto, pode ter grandes possibilidades de sucesso”, vaticina.

António Simões quer ver outras alegrias a juntar à história do “clube do coração”, depois de ter protagonizado muitas páginas fulgurantes do clube da Luz.

O pontapé de partida para um sindicato de jogadores

O jornalista Rui Miguel Tovar, autor do livro “António Simões – As Minhas Memórias”, diz sentir-se “orgulhoso” e “realizado” por poder ter levado a cabo esta escrita.

“É uma viagem muito grande. São 80 anos de vida, com uma boa cabeça, com muitas histórias, e das 27 vezes que fui a casa dele, a primeira foi muito diferente da segunda e por aí em diante. Foi um trabalho estimulante de 54 horas de gravação”, conta à Renascença.

O autor lembra que a força reconhecida de António Simões, nos anos 60, o levou a estar na origem da criação do Sindicato de Jogadores, numa altura em que os clubes tinham direito absoluto sobre os futebolistas:

“Foi no pré 25 de Abril. Tudo idealizado por um grupo de jogadores, no qual o António era um dos nomes mais fortes e mais influentes. Da cabeça dele saiu essa ideia de criar o sindicato, para acabar com a falta de liberdade dos jogadores. O António juntou-se ao Dr. Jorge Sampaio, outro nome da nossa história, que nos anos 60 era um advogado, e os dois pensaram num sindicato que nasceu em plena ditadura”, relembra.

Tudo isso aconteceu antes de António Simões rumar aos Estados Unidos, em 1975, onde esteve com Eusébio.

Também desses episódios se compõe o livro que agora é lançado, “com a marca da paixão como característica de António Simões, aos 80 anos de idade".

"Daí os 80 capítulos, que não são necessariamente 80 histórias, são muito mais”, remata Rui Miguel Tovar, sobre esta obra dedicada a um dos jogadores mais importante da seleção nacional no mítico Mundial de 1966.

O livro, com prefácio de Marcelo Rebelo de Sousa, foi apresentado na terça-feira, no Palácio Galveias, frente a uma plateia de amigos desta antiga glória do Benfica.

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