27 mar, 2023 - 12:45 • José Barata
O início do trabalho de Roberto Martinez na seleção portuguesa faz lembrar Luiz Felipe Scolari.
Em entrevista a Bola Branca, o antigo internacional português Maniche elogia a arrancada do treinador espanhol no comando da seleção portuguesa e compara-o a Felipão, porque chegou sem vícios para fazer o trabalho. Martínez "sabe o que quer e mostra-se imune às pressões externas".
"Recordo um pouco da minha experiência com o mister Scolari. Era um treinador que vinha sem vícios, sabia exatamente aquilo que queria, aquilo que era importante para levar a seleção a vitórias e não ouvindo pessoas que pudessem influenciar no seu trabalho. Com um treinador estrangeiro, a prioridade é aproximar os portugueses da seleção. Foi assim com o mister Scolari, e Martínez também o têm conseguido, até pela forma como tem comunicado", considera.
Portugal entrou com duas vitórias claras na fase de qualificação do europeu de 2024: 4-0 ao Liechtenstein e 6-0 ao Luxemburgo. Maniche olha para a seleção e vê todos a remar para o mesmo lado.
"Nota-se que há um ambiente de remar para o mesmo fim, que é trazer de volta uma seleção não só apenas capaz de ganhar, mas também de jogar bem. Temos que ser sinceros na análise porque Portugal defrontou duas seleções das mais fracas do mundo. O que é de salientar foi a atitude, compromisso e a disponibilidade de todos os jogadores que estiveram nos dois encontros", afirma.
Luxemburgo 0-6 Portugal
Portugal soma duas vitórias em dois jogos na fase (...)
Roberto Martínez optou por utilizar um esquema com três centrais. Para Maniche, o mais importante é o conforto que os jogadores portugueses têm quando estão em posse de bola: "Jogar com três centrais não significa que se defende muito, como ter muitos avançados não significa que marcamos muitos golos".
"As dinâmicas dos jogadores é que fazem a diferença. Com esta tática, os jogadores estão mais próximos uns dos outros, porque gostam de ter bola no pé, sentem-se confortáveis porque nós somos tecnicamente somos dos mais evoluídos do mundo. São jogadores que jogam nos melhores clubes do mundo e sabem que para fazer golo têm que ter bola. Os jogadores têm de estar confortáveis para atingir um nível muito alto", assegura.
Nesta entrevista a Bola Branca, o antigo internacional português Maniche fala de Cristiano Ronaldo, que marcou quatro golos em dois jogos. Para o seu ex-colega de seleção, tudo foi normal.
"Não é de admirar, acho para mim é tudo normal. Podem falar o que quiserem do melhor do mundo, porque ele é extremamente forte psicologicamente e isso faz toda a diferença e a idade é uma falsa questão", atira.
"Aquilo que tem vindo a fazer é notável. Alguns recordes que atingiu são inatingíveis por outros jogadores. Temos de dar carinho a dizer bem de nós próprios. Somos uma seleção fantástica. Temos tanta coisa boa em Portugal, não só no futebol, mas em várias áreas, e temos que valorizar o que é nosso. E temos orgulho imenso naquilo que Cristiano Ronaldo tem conseguido, naquilo que ele transporta e naquilo que consegue fazer ao serviço do nosso país", conclui.