22 mai, 2023 - 12:48 • Daniela Espírito Santo
Francisco Neto não tem outro pensamento que não seja passar a fase de grupos do Mundial feminino, que decorre este verão na Nova Zelândia e na Austrália.
A seleção portuguesa apurou-se pela primeira vez este ano para esta competição e os primeiros jogos realizam-se em julho na Nova Zelândia. Por isso, "o objetivo é fazer mais uma viagem" e rumar à Austrália, onde decorrem os oitavos de final. "Vamos trabalhar para ir até à Austrália", garantiu o selecionador nacional, na Segunda Conferência Bola Branca.
Entrevistado pela jornalista Inês Braga Sampaio, Francisco Neto mostrou-se feliz pela "alteração das vagas" feita pela FIFA, que permitiu que 32 equipas entrassem neste Mundial, uma estreia como a presença da seleção portuguesa no certame. "Isso abriu as portas ao nosso objetivo". Agora, é chegar o mais longe possível, mesmo tendo pela frente as campeãs e vice-campeãs do mundo no mesmo grupo.
"A partir do momento em que estamos numa competição e que vamos representar o país, não há outro pensamento que não seja passar a fase de grupos", assegura. Quanto ao grupo da "super morte", é "uma montanha difícil de escalar" mas, há quatro anos, "também nos diziam que era impossível irmos ao campeonato do mundo".
"Também ninguém acreditava que lá chegassemos", admite, elogiando a "ambição" deste grupo de jogadoras que, acredita, "vai lutar até ao fim".
"Para nos ganharem têm de trabalhar muito e é com esta mentalidade que vamos para dentro de campo: para nos ganharem têm de sentir muita dificuldade", reitera.
Para Francisco Neto, este apuramento é, igualmente, "um tributo a todas aquelas gerações que tinham muita qualidade", mas não tiveram "as mesmas condições".
"Há nove anos a ideia de poder ser profissional no futebol [feminino] acontecia exclusivamente no estrangeiro", diz. "Felizmente, agora temos essa possibilidade em Portugal. Este nosso apuramento para o campeonato do mundo está a servir muito para isso", assegura. Servirá, também, para "semear" o caminho "para as gerações futuras".
"Neste momento, com esta geração, estamos a conseguir criar o futuro das próximas". O objetivo é, sobretudo, aproveitar condições mas, também, inspirar jovens a olharem para as jogadoras de outra forma. "Eu quero ser como aquela jogadora, eu quero estar no lugar daquela jogadora. Essa é, para mim, a grande referência. Quero vivenciar isto, chegar ao aeroporto e ter pessoas a aplaudir-me, passar na rua e ter pessoas a reconhecer-me", exemplifica.
Neto admite, no entanto, que ainda há um caminho a percorrer. "Culturalmente, é mais difícil para uma mulher ter acesso a esta profissão. Acredito mesmo que têm de provar mais do que os homens. Infelizmente, é assim. Mas, para quem está no meio, quem cresce...as coisas são muito naturais e temos muitos exemplos de sucesso".
Sucesso esse que começa também no balneário (onde tem de bater à porta para entrar). "O mundo está a mudar também no acesso ao treino e, sem dúvida nenhuma, quem tem qualidade é sempre bem-vindo", remata.