30 ago, 2024 - 11:30 • Inês Braga Sampaio
Roberto Martínez admite que o critério para as convocatórias da seleção nacional mudou, agora que se inicia um novo ciclo, com vista ao Mundial 2026, e que isso abre espaço a que novos jogadores sejam chamados, como os estreantes Geovany Quenda, do Sporting, Tiago Santos, do Lille, e Renato Veiga, do Chelsea.
Em conferência de imprensa, esta sexta-feira, após o anúncio da lista de 25 jogadores para os dois primeiros jogos de Portugal nas fase de grupos da Liga das Nações 2024/25, o selecionador nacional salienta que "é muito importante acompanhar o novo talento", mais ainda quando se inicia uma nova etapa.
Também assim justifica as chamadas de Pedro Gonçalves e Francisco Trincão, que tinham ficado de fora do Euro 2024: "Para olhar em frente, o futebol português tem de ter 25, 30 jogadores que todos eles possam jogar na seleção. A ideia desta lista é abrir a oportunidade a esses jogadores."
Portugal defronta Croácia e Escócia, nas duas primeiras jornadas da fase de grupos da Liga A da Liga das Nações, a 5 e 8 de setembro. Ambos os jogos serão no Estádio da Luz, às 19h45, e terão relato em direto e acompanhamento na Renascença.
Liga das Nações
Roberto Martínez opera várias mudanças face à conv(...)
Estreia de Geovany Quenda: "É muito importante para nós acompanhar o novo talento. Não temos camisolas, não há rivalidades. O Geovany Quenda é um jogador que vive no desequilíbrio, que gosta de situações de um para um. Fez um Euro sub-17 muito bom, num grupo de jogadores com muito talento. Mas gostámos muito do que o Quenda fez durante a pré-época. Adaptou-se a uma posição diferente e à responsabilidade de jogar na primeira equipa, no onze inicial do campeão nacional [Sporting]. Para este estágio, pode ser interessante como entra num patamar internacional."
Martínez abre pela primeira vez a porta a Pedro Gonçalves: "É um novo ciclo, um ciclo de Mundial. Estamos a preparar o Mundial 2026. A Liga das Nações é o primeiro passo, um passo importante. É uma competição muito importante. Esta é uma lista nova, abre a porta a jogadores que acompanhámos durante 16, 17 meses. O Pote é uma situação de que se fala muito desde fora, mas internamente sempre foi o mesmo: um jogador com muito boas valências, com muita competência na sua posição, que começou muito bem a época e é importante numa equipa que ganha, e que merece estar na seleção. Já esteve em muitas pré-listas, esteve perto do estágio de março, mas lesionou-se. É uma situação que não mudou muito. Durante os primeiros cinco estágios era importante criar balneário. Agora, é uma nova seleção, um ciclo diferente e o Pote merece estar na seleção."
Renato Veiga, central, e Tiago Santos, lateral, em vez de Danilo Pereira e João Cancelo: "O Renato Veiga e o Tiago Santos tiveram desempenhos muito bons, trabalharam muito bem com os sub-21. O Tiago Santos é um jogador muito bom no seu clube [Lille]. Durante este estágio o critério é chamar jogadores que tiveram um período de preparação com os seus clubes durante a pré-época e isso deixa de fora jogadores como Patrício, Cancelo, Danilo Pereira, Chico Conceição e Matheus Nunes. E abre espaço para novos jogadores, como Renato Veiga e Tiago Santos. É importante ver o que podem fazer na seleção."
Novo critério: "Na fase de apuramento do Europeu, em que era importante dar equilíbrio e continuidade, dar conceitos. Agora é uma fase diferente e o momento para utilizar mais jogadores. Somos uma equipa mais bem preparada, temos melhores opções. A ideia é ter mais jogadores com competitividade para ficar na seleção. Temos uma nova competição. É importante, no futebol de seleções, ter equilíbrio e continuidade, repetir os conceitos, mas também ter sangue novo. Penso que a lista tem um equilíbrio muito bom. Para olhar em frente, o futebol português tem de ter 25, 30 jogadores que todos eles possam jogar na seleção. A ideia desta lista é abrir a oportunidade a esses jogadores."
João Cancelo na Arábia Saudita: "O João é muito competitivo, um ganhador. Não é uma preocupação para mim que tenha um novo objetivo, uma nova liga na carreira, na Arábia Saudita. Não é uma preocupação. Todas as opções são pessoais, todos os momentos nos clubes dos jogadores são diferentes. Mas já tivemos jogadores que saíram da Europa e todas as experiências foram positivas."
Cristiano Ronaldo até ao Mundial 2026 e mais além? "Para todos os jogadores depois dos 30 anos, a carreira é passo a passo e, a nível internacional, é estágio a estágio. O nível de Cristiano Ronaldo é único, aos 39 anos jogar ao nível a que ele joga e ter os índices físicos que ele tem é incrível. Objetivos individuais fazem parte da carreira de um jogador. Para nós, o objetivo é coletivo. Tentar melhor o que fizemos no Europeu. O Cristiano deu tudo, a equipa deu tudo. Olhar em frente, para o presente. O Cristiano está em bom momento e é importante para a seleção agora, mas ninguém pode falar do futuro."
António Silva só tem um jogo esta época, mas supera Tomás Araújo e Eduardo Quaresma: "Perdemos o Danilo, que não está nesta lista, perdemos definitivamente o Pepe, que deixa um legado incrível. O António Silva está num patamar, agora, diferente do Tomás Araújo e do Eduardo Quaresma. Tem a experiência do Europeu e do Mundial, é um jogador muito jovem, não há muitos jogadores no futebol mundial com a experiência do António na sua idade. Fez um mau jogo com a Geórgia, é certo, mas fez um bom jogo contra a Irlanda e o talento é para sempre. Momentos bons e momentos maus existem, mas acredito muito no potencial do António Silva e considero-o importante para os jogos que vamos ter."
Reencontro com a Croácia: "Não há atenuantes no futebol de seleções. A Croácia tem uma ideia de jogo muito clara e qualidade técnica superlativa. O jogo que tivemos [antes do Euro 2024 e que terminou com derrota] era amigável; é muito diferente disputar um jogo oficial, numa competição como a Liga das Nações. Eles querem sair do sentimento que tiveram no Europeu [eliminados na fase de grupos] e vai ser um desafio muito bom. O amigável que tivemos não tem comparação com este jogo."
Comunhão com os adeptos: "Portugal tem uma história importante na Liga das Nações, venceu a primeira edição. Gosto muito deste formato diferente, com duas equipas apuradas para os quartos de final e, depois, a Final Four. São as melhores seleções da Europa, a jogar olhos nos olhos. Gostaria de manter a química com os nossos adeptos, o que vimos na Alemanha foi especial, inesquecível. Gostaria de ter uma festa do futebol português nos dois jogos na Luz, porque esta competição é muito importante para nós e porque no balneário é um momento chave pelos papéis dos jogadores para olhar em frente."
Otávio de fora: "A situação do Otávio é uma decisão médica. Ele estava na lista, mas ontem os departamentos médicos do clube [Al-Nassr] e da seleção tomaram uma decisão, porque ele não está apto. Outro jogador é o Raphael Guerreiro. Fez uma boa pré-época, mas precisa de trabalhar bem para recuperar em pleno dos problemas médicos que o levaram a falhar o Europeu."
Adeus a Sven-Goran Eriksson: "Gostaria de dar as minhas condolências à família e aos amigos de Sven-Goran Eriksson. Foi uma figura marcante, um treinador inovador. Acompanhei o seu percurso em Inglaterra como um treinador muito jovem e tivemos sempre uma alta estima pela metodologia inovadora e pelo que ele fez. É também uma figura do futebol português."