11 dez, 2024 - 15:47 • Inês Braga Sampaio
O que já era certo tornou-se, esta quarta-feira, oficial. A FIFA atribuiu a organização do Mundial 2030 a Portugal, Espanha e Marrocos.
A candidatura ibero-marroquina à organização era a única a votação, depois de a Arábia Saudita ter adiado a sua para 2034 (em que também é a única) e de Uruguai, Argentina e Paraguai terem chegado a acordo para desistir e celebrar o centenário do torneio (organizado pela primeira vez em 1930) de forma diferente.
Portugal, Espanha e Marrocos vão organizar o Mundial 2030, mas os três primeiros jogos realizar-se-ão na América Latina - e a partida inaugural será no Estádio Centenário, em Montevidéu, capital uruguaia.
Em Portugal, só três estádios cumprem o requisito de lotação mínima de 40 mil espectadores imposta pela FIFA, pelo que só Luz, Dragão e Alvalade acolherão encontros da fase final. Ainda assim, o ex-secretário de Estado do Desporto garantiu, em entrevista no programa "Hora da Verdade", da Renascença e do "Público", que "teremos, no mínimo, uma dezena de jogos (...) e provavelmente mais de uma dezena" em solo português. João Paulo Correia também admitiu, contudo, que não estava garantido que Portugal acolhesse partidas da fase a eliminar.
O Algarve pode não ter estádios que cumpram os mínimos de capacidade da FIFA, mas pretende receber os estágios de algumas seleções.
A Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) também já escolheu os 11 estádios para a prova: Santiago Bernabéu (Madrid), Wanda Metropolitano (Madrid), Camp Nou (Barcelona), RCDE (Barcelona), Anoeta (San Sebastián), Gran Canaria (Las Palmas), La Cartuja (Sevilha), La Rosaleda (Málaga), Nueva Romareda (Saragoça), El Riazor (Corunha) e San Mamés (Bilbau) são os recintos eleitos.
Ficaram de fora os estádios Mestalla(Valência) e Balaídos (Vigo).
Inicialmente, a candidatura contemplava apenas Espanha e Portugal, contudo, na altura da invasão da Rússia à Ucrânia, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e a RFEF decidiram incluir os ucranianos na candidatura, sem adiantar detalhes. Plano que foi colocado em causa em 2023, primeiro com a suspensão do presidente da Federação da Ucrânia, Andriy Pavelko, por suspeitas de fraude e lavagem de dinheiro, e depois com a junção de Marrocos.
O caso do beijo alegadamente não consentido do ex-presidente da RFEF, Luis Rubiales, à internacional espanhola Jenni Hermoso, na final do Mundial 2023, ameaçou fazer a candidatura tremer, contudo, como João Paulo Rebelo expressou à Lusa, o projeto é "independente de quem ocupa os cargos".
A Amnistia Internacional e a Sport & Rights Alliance apelaram à FIFA, em relatório, em novembro, que exigisse à candidatura de Marrocos, Portugal e Espanha "estratégias muito mais credíveis e compromissos vinculativos para evitar violações dos direitos humanos".
"Marrocos, Portugal e Espanha ainda não explicaram adequadamente como é que os jogadores e os adeptos serão protegidos de abusos discriminatórios, que medidas serão tomadas para evitar o uso excessivo da força policial ou como é que os direitos à habitação dos residentes serão salvaguardados", lia-se.
De qualquer modo, a candidatura conjunta foi entregue à FIFA no final de julho e, esta quarta-feira, foi ratificada como a vencedora da corrida (a solo) à organização do Campeonato do Mundo de 2030.