Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Euro 2024

​O que podemos esperar do Países Baixos-Inglaterra?

10 jul, 2024 - 10:00 • Francisco Sousa (comentador e analista)

Neerlandeses e ingleses defrontam-se em Dortmund por um lugar na final do Europeu

A+ / A-

Finalista vencida na última edição do Campeonato da Europa, a Inglaterra sonha ativamente com a conquista do primeiro título nesta competição. Depois do passo dado em frente há três anos, a turma de Gareth Southgate pode chegar a uma segunda final consecutiva caso derrote uma seleção dos Países Baixos que, depois de vários falhanços e decepções nos últimos anos, busca o regresso ao jogo decisivo de uma grande prova.

A seleção inglesa tem sido uma das desilusões do Euro, ainda que não seja propriamente surpreendente a excessiva preocupação defensiva do treinador britânico. No encontro com a Suíça dos quartos de final, que terminou com vitória e apuramento nos penáltis, a formação dos 'três leões' surgiu com uma defesa a 5, com Saka a fechar mais atrás no lado direito, quando a equipa não tinha bola.

Houve uma clara intenção de replicar o sistema do oponente e até o perfil dos jogadores escolhidos permitiu uma capacidade para defender um pouco mais à frente. Konsa garantia velocidade e acompanhamento devido no 1x1 defensivo, Walker também possui essa pujança e Rice tratava de alternar entre uma pressão subida e um posicionamento mais próximo da linha defensiva. Curiosamente, o destaque mais claro do 1º tempo desse jogo com os helvéticos até foi a colocação de Foden na meia-direita (para criar sinergias com Saka), com Mainoo a surgir próximo dessa zona como médio-centro com chegada à área.

O jogo acabou resolvido na base dos recursos individuais: Bukayo Saka foi sempre o mais ousado nos duelos (Aebischer em problemas a defender como lateral/ala esquerdo) e tentou aportar agitação, além de ter marcado um excelente golo em diagonal, aproveitando passe e arrastamento de Rice. Southgate quis claramente que a Inglaterra chegasse viva aos penáltis, soube escolher os marcadores (alguns vindos do banco, embora não propositadamente para esse efeito) e os ingleses acabaram por ser implacáveis após 120 minutos globalmente previsíveis.

Uma boa pergunta para o duelo com os neerlandeses está em perceber se Luke Shaw, que fez 42 minutos ante a equipa helvética, já estará apto para fazer todo o jogo e ocupar uma posição na qual tem faltado um jogador de raiz - Trippier tem mostrado desconforto a lateral-esquerdo. Outras questões passam por entender se a equipa irá defender com linha de 4 ou de 5 ou se Southgate irá tirar algum dos elementos do onze-base (como, por exemplo, Phil Foden), além de ficar a faltar saber se Guéhi, castigado frente à Suíça, voltará ao onze depois da boa resposta competitiva de Konsa.

Já a 'laranja' parece estar mecanizada para um padrão de jogo que privilegia o acesso a Simons nas entrelinhas, com o novo duo Schouten-Reijnders a sustentar a equipa entre a dimensão de equilíbrio defensivo e um critério a régua e esquadro na procura pelas melhores linhas de passe. Partindo da base em 4-2-3-1, a equipa de Ronald Koeman procura construir diversas vezes com 3 homens desde a defesa (Aké fecha mais a posição), soltando o vertiginoso Dumfries pela faixa direita (Europeu de bom nível na dimensão ofensiva).

Desde a esquerda, Gakpo procura aproximações ao corredor central, para potenciar a arte do remate - algo que não fez tão bem ante a Turquia, mas que tem sido comum ao longo do torneio. A grande questão do lado neerlandês prende-se com a utilização da 'arma não tão secreta' Weghorst. O gigante do ataque atrai atenções, sabe oferecer-se em apoio e surge na área para finalizar (por exemplo, de cabeça) e pode permitir outra liberdade de movimentos para um Memphis Depay que parece muitas vezes constrangido e precipitado no papel de 'falso 9'.

Nos últimos 2 jogos, ficou também a ideia de a linha da defesa neerlandesa estar um pouco mais confortável, arriscando até defender um pouco mais adiantada. Algo que outras seleções (a Áustria, desde logo) conseguiram expor na fase inicial do torneio. O favoritismo, por experiência competitiva e valia individual, até pode estar do lado inglês, mas o conjunto dos Países Baixos já demonstrou que tem potencial para trazer problemas até às melhores organizações defensivas do Europeu - lembrando que a vitória com a França só não chegou por um golo anulado de forma polémica a Xavi Simons.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+