15 abr, 2021 - 07:33 • Redação
Lionel Messi ofereceu três camisolas autografadas do Barcelona aos responsáveis chineses da Sinovac, depois de a farmacêutica ter enviado 50 mil vacinas contra a Covid-19 para serem usadas em jogadores de futebol da América do Sul, antes do torneio da Copa América deste verão.
Os diretores da Sinovac não esconderam a admiração pelo jogador argentino que logo se predispôs a enviar as camisolas como forma de agradecimento. "Os diretores da Sinovac manifestaram a sua admiração por Lionel Messi, que gentilmente nos enviou três camisolas", publicou no Twitter o representante da Conmebol Gonzalo Belloso.
O acordo, mediado pelo presidente conservador do Uruguai, Luis Lacalle Pou, está a ser questionado no seu país, que está a lidar com um dos casos mais sérios de Covid-19 do mundo. O Uruguai tem o maior número de novos casos diários do mundo, 1.084 por milhão de habitantes, comparado com 215 por milhão nos EUA e 25 por milhão no Reino Unido, e as vacinas são escassas.
"Tal como o presidente manifestou cooperação com a Conmebol para vacinar para a Copa América, ele poderia muito bem ter a mesma consideração por Canelones", disse o presidente da câmara da cidade uruguaia de Canelones, Yamandú Orsi. Até agora, apenas 12,4% da população da sua cidade foi vacinada.
Algumas das 50 mil vacinas vão para as 26 equipas masculinas da primeira divisão da Argentina. "A ideia é vacinar todas as equipas da primeira divisão da Argentina", disse Bellos. "Queremos que todos os jogadores de futebol sejam inoculados antes da Copa América porque qualquer um deles pode ser chamado a jogar".
Mas o governo argentino, agora considerando um forte bloqueio, teria primeiro de aprovar a vacina da Sinovac da China para que os jogadores argentinos fossem inoculados.
A escassez de vacinas é também um problema na Argentina, onde não chegam novas vacinas desde 4 de abril. A variante Covid P1 propagou-se de forma alarmante na Argentina, com 477 novos casos diários por milhão de habitantes, em comparação com apenas 335 no Brasil, onde a variante teve origem.
Os funcionários da Conmebol disseram estar em negociações com a Argentina para obter uma exceção para os jogadores de futebol. De acordo com o The Guardian, um porta-voz do gabinete presidencial argentino não fez qualquer comentário sobre as vacinas controversas.
Myriam Bregman, uma política do partido esquerdista argentino Frente de Izquierda, disse ao jornal que “a Copa América não parece ser uma prioridade, dada a grave situação que a região está a atravessar, e o facto de poderem obter estas vacinas a título privado é ainda mais grave".
A Copa América será coorganizada pela Argentina e pela Colômbia de 13 de junho a 10 de julho, após o cancelamento do campeonato de 2020 devido à pandemia.