05 set, 2021 - 20:14 • Carlos Calaveiras
É oficial: o jogo entre Brasil - Argentina, de qualificação para o Mundial 2022, está suspenso e não vai realizar-se este domingo. A decisão é da Conmebol.
"Por decisão do árbitro, o jogo entre Brasil e Argentina está suspenso. O árbitro fez um relatório à Comissão Disciplinar da FIFA, que decidirá quais serão os próximos passos", publicou a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) nas redes sociais.
Tudo começou quando a autoridade sanitária do Brasil interrompeu o jogo entre as duas seleções da América do Sul, que decorria em São Paulo, na Arena Neo Química, com a partida a decorrer, por, alegadamente, quatro jogadores argentinos terem violado as questões de segurança devido à Covid-19.
O jogo ainda começou mas, aos 5 minutos, alguns agentes da polícia federal e da autoridade sanitária entraram em campo e interromperam a partida.
A Argentina abandonou o relvado e seguiu para o balneário. Depois de muitos minutos de impasse, a seleção das pampas retirou-se mesmo do estádio em São Paulo. Não se sabe exatamente em que condições saíram os quatro atletas argentinos visados pelas autoridades.
Os jogadores do Brasil mantiveram-se no relvado e realizaram um treino ligeiro, ainda com público nas bancadas.
Veja as imagens da altura da interrupção.
O diretor-presidente da Anvisa, a autoridade de saúde brasileira, justificou em declarações à TV Globo a decisão tomada de interromper o Brasil - Argentina, considerando que a comitiva argentina desrespeitou as ordens dadas.
"São quatro jogadores. Eles, ao chegarem em território nacional, apresentam a declaração de saúde do viajante. Neste documento não diziam que tinham passado por um dos três países que estão restritos, justamente para a contenção da pandemia. Mas depois foi constatado que eles passaram pelo Reino Unido. Foi constatado entre ontem de noite e hoje. Chegámos a esse ponto porque tudo aquilo que a Anvisa orientou, desde o primeiro momento, não foi cumprido. Eles tiveram orientação para permanecer isolados para aguardar a deportação. Mas não foi cumprido. Deslocam-se até o estádio, entram em campo, há uma sequência de incumprimentos", disse Antonio Barra Torres.
O presidente em funções da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues, criticou a ação levada a cabo pela Anvisa que interrompeu o Brasil-Argentina.
"A Anvisa excedeu os limites do bom senso. Poderia ter evitado tudo isto. Este episódio é lamentável. Há três dias que a Anvisa já estava a acompanhar a seleção argentina. Causou-nos estranheza só agir depois de o jogo ter começado. Em momento algum a CBF participou, através de quem quer que seja, para retirar atletas à equipa da Argentina", disse, citado pelo Globo Esporte.
Já Lionel Scaloni, selecionador da Argentina, referiu: "O que deveria ter sido uma festa para todos com os melhores jogadores do mundo e termina assim. Como treinador tenho de defender os meus jogadores: vieram dizer que os queriam deportar e se os têm de levar, não posso permiti-lo. Em nenhum momento alguém nos disse que não poderíamos jogar. O delegado da CONMEBOL disse-me para irmos para o balneário e foi o que fizemos. Queríamos jogar assim como o Brasil", citado pelo jornal "Clarín".
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) do Brasil pediu a deportação de quatro jogadores da seleção da Argentina. Em causa um alegado incumprimento das regras sanitárias impostas no país para a Covid-19.
A regra no Brasil obriga a quarentena obrigatória para todos os estrangeiros que tenham estado em Inglaterra nos últimos 14 dias, situação que se aplica a quatro jogadores argentinos: o guarda-redes Emiliano Martinez e o extremo Emiliano Buendia, ambos do Aston Villa, o médio Giovani Lo Celso e o defesa Cristian Romero, que representam o Tottenham.
Segundo as autoridades, os atletas em causa terão prestado declarações falsas já que indicaram não ter passado por Inglaterra.
[atualizado às 22h45]