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Amnistia Internacional pede a instituições portuguesas que tomem posição sobre os direitos humanos no Qatar

19 mai, 2022 - 10:06 • Lusa

Mais de 15 mil pessoas que morreram entre 2010 e 2019 na construção das infraestruturas do Mundial. Amnistia Internacional lamenta posição do presidente da FIFA sobre o país.

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A Amnistia Internacional Portugal pediu a "agentes desportivos e também políticos" que se posicionem face à situação de direitos humanos e direitos laborais dos trabalhadores migrantes no Qatar, a seis meses do arranque do Mundial de futebol.

Para Paulo Fontes, diretor de comunicação e campanhas, a seis meses do início do Mundial "as reformas e avanços têm tardado" ou "não parecem estar a acontecer", conta à Lusa.

"É, por isso, importantíssimo que os agentes desportivos, e não só, também políticos, compreendam a sua importância e relevância neste momento e que tragam este assunto, que tomem uma posição, também ela clara, de colocar os direitos humanos em cima da mesa, juntamente com este tema do desporto e do futebol", comenta.

As mais de 15 mil pessoas que morreram entre 2010 e 2019, dados "já um bocadinho atrasados" e que podem até ser mais altos, uma figura que vai variando, mas que, segundo os relatórios mais conservadores, ascende a pelo menos 6.500 óbitos, leva a que se tema "que depois do Mundial se descubra que o tapete tem muito mais lixo debaixo do que o que se vê".

"Agora é a oportunidade, em que os olhos do mundo estão postos no Qatar, em que muitas pessoas, desde líderes políticos de todo o mundo até os fãs comuns do futebol vão estar a olhar. Agora é o momento de exigir mudanças. Depois de o Mundial passar, os holofotes saem de lá, e se as condições já são agora assim, a seguir o que acontecerá com estas pessoas?", questiona.

À pergunta habitual: 'o que se pode fazer?', Paulo Fontes é taxativo.

"Um exemplo do que não se pode nem deve fazer é o do presidente da FIFA, Gianni Infantino, de desculpabilizar o que está a acontecer. O que se pode fazer é pressão constante, em todo o tipo de fóruns e relações com as autoridades qataris, no âmbito do futebol, e noutros fóruns. Temos seis meses para fazer acontecer o que não conseguimos na última década", alerta.

Para o dirigente, "a FIFA tem de compreender a sua responsabilidade internacional nesta matéria", apontando para a petição aberta que a Amnistia lançou, com 280 mil assinaturas, a pedir ao organismo de cúpula do futebol mundial que abraçasse esta responsabilidade, entregue em 14 de março deste ano.

"Os representantes da FIFA e da Organização Internacional do Trabalho que estavam nesta reunião reconheceram os desafios neste setor, e que ainda falta avançar em termos de direitos dos trabalhadores no Qatar, e reconheceram que as denúncias e investigações trazem dados que têm um impacto junto das federações nacionais de futebol em vários países, que têm de começar a abordar as questões de direitos humanos com maior seriedade e de forma pública", conta.

Com "pressão conjunta de todas as frentes", vem a responsabilidade de os países apurados, como Portugal, se envolverem, não só a nível diplomático, "com Governos e presidente", como pela Federação Portuguesa de Futebol.

Para Paulo Fontes, de resto, a ideia de separar a política do desporto não colhe neste caso, dado que "o futebol tem muito do que são também os direitos humanos".

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