22 nov, 2022 - 18:15 • Carlos Dias , enviado da Renascença ao Qatar
Helena Costa está de volta ao Qatar, onde em 2010 criou e treinou a primeira seleção feminina daquele país. "É um misto de emoções" para a treinadora portuguesa, atual "chief scout" do Eintracht Frankfurt, rever caras conhecidas, revisitar locais, numa altura em que o Qatar organiza um Campeonato do Mundo de futebol.
Em conversa com a Renascença, em Doha, Helena Costa recorda as dificuldades que sentiu num trabalho que lhe foi proposto, precisamente por causa do Mundial.
"Eles tinham a obrigatoriedade de ter uma seleção feminina no 'ranking' da FIFA, porque é um requisito para qualquer país organizador. Fui contactada pelo Milton Mendes", treinador brasileiro, com passagem marcante por Portugal, tanto como jogador, como no papel de técnico, e que esteve cinco anos no Qatar.
A treinadora portuguesa entusiasmou-se com o projeto, "apoiado pelo Governo e pelo Comité Olímpico", até na promoção nos media, que ficava a cargo de Helena Costa.
"A grande dificuldade era a cultura. Não é por não gostarem de futebol, não é isso, elas são apaixonadas. A dificuldade é que ao mesmo tempo que tinha de aparecer nos media, com disponibilidade do Governo e do Comité Olímpico, por outro lado, as famílias não permitiam que o nome das famílias estivesse envolvido num processo tão inovador e tão polémico, porque na altura era polémico", recorda.
Sobre a vida no Qatar, país que é criticado pela violação dos direitos humanos e pelas restrições que impõe, Helena Costa ficou com uma boa memória: "É um país em que tem um clima ameno, muita segurança, deixamos o carro aberto, vamos ao supermercado e não se passa nada".
Helena Costa esteve no Qatar em 2010 e 2011. Em 2012 assumiu o comando da seleção do Irão, para depois deixar o treino e optar pela observação de jogadores. Atualmente é a líder do departamento de "scouting" do Eintracht Frankfurt, da primeira divisão alemã.