30 mai, 2024 - 10:30 • Inês Braga Sampaio
O debate sobre a Defesa chegou ao futebol: o Borussia de Dortmund vai ser patrocinado pela maior produtora de munições da Europa, um acordo para vários anos que marca a primeira vez na história que uma empresa fabricante de armas apadrinha um clube de futebol alemão.
Este acordo permite à Rheinmetall permite expor em cartazes no estádio e no pano de fundo das conferências de imprensa, ainda que não nas camisolas dos jogadores. Uma parceria que é sintomática do crescente debate sobre armamento na Europa, assim como de uma mudança de paradigma na Alemanha, um país que, até há bem pouco tempo, fazia questão de se demarcar de qualquer associação com armas, devido ao papel antagonístico nas Primeira e Segunda Guerras Mundiais.
A controvérsia adensa-se por esta ser uma temporada mediática para o Borussia, que, apesar de só ter sido quinto na Bundesliga, vai defrontar o Real Madrid na final da Liga dos Campeões, no sábado.
O presidente do Borussia salienta que "a segurança e a Defesa são pilares fundamentais da Democracia", para explicar o acordo com a Rheinmetall.
"Especialmente no mundo atual, em que vemos, todos os duas, como a liberdade tem de ser defendida na Europa. Devemos lidar com este novo [normal]", defende Hans-Joachim Watzke, citado no site do clube.
Ainda assim, a parceria tem opositores, incluindo ao grupo pacifista United War Resisters, que fez circular uma petição em que apelava a que o acordo fosse cancelado, por considerar que "ao escolher a Rheinmetall como patrocinador, o Borussia está a atropelar os seus valores".
Até o vice-chanceler e ministro das Finanças da Alemanha já reagiu. Em declarações à imprensa, Robert Habeck admitiu que o acordo é "pouco usual", no entanto, frisou que "infelizmente, temos de admitir que estamos num mundo diferente e mais ameaçador".
Além de munições, a Rheinmetall também produz veículos de combate de infantaria, drones de combate e armas para tanques de guerra.