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Futebol Internacional

“Hoje não se sente que há guerra”. Há oito anos em Israel, Miguel Vítor explica como é viver no país

26 set, 2024 - 16:30 • João Filipe Cruz

“Nunca pensei passar por isto”. O desabafo é de Miguel Vítor, central formado no Benfica, a jogar em Israel há oito anos. Em declarações a Bola Branca, o internacional israelita confessa que o dia 7 de outubro do ano passado ainda está fresco.

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O Hapoel Beer Sheva, onde o defesa de 35 anos joga, tem morada na cidade de Berseba, na parte ocidental de Israel, a cerca de 50 quilómetros da Faixa de Gaza de onde foram lançados milhares de roquetes com Jerusalém como destino. Em simultâneo, combatentes do Hamas atravessaram a fronteira e atacaram dezenas de locais.

“Quando começou, tocou-nos mais perto, bastante perto de onde morávamos”, desabafa Miguel Vítor, que deixou o país dois dias depois, procurando refúgio em Portugal.

Quase um ano depois, parece tudo ter retomado a normalidade, pelo menos no sul de Israel, já que o foco agora está virado para a fronteira com o Líbano, a norte.

“Hoje não se sente que o país está em guerra. Está tudo a funcionar normalmente. Claro que, na parte norte, o conflito está a subir de tom e não sabemos o que pode acontecer. No sul, nos últimos meses, a vida tem voltado ao normal”, explica, reconhecendo que a distância aparente do maior foco de instabilidade não traz maior tranquilidade.

O defesa, desde 2016 em Israel, assegura que nunca se sentiu inseguro em Israel, nem suspeitava que algum dia pudesse vir a ser obrigado a fugir do país. Miguel Vítor não esconde que suspira pelo regresso à paz, mais cedo do que tarde.

“Nos últimos anos, nada aconteceu que fizesse prever o que veio a acontecer. Ninguém gosta de passar, viver ou lidar com este tipo de situações, mas espero que tudo se resolva em breve e que se encontre um acordo para que se volte à paz”, apela.

Um país que “acolheu muito bem” e a recuperação com o objetivo de “fazer história” por Israel

Apesar dos sentimentos inéditos de há uns meses a esta parte, Miguel Vítor não hesita em mostrar gratidão ao país que, agora, também é seu – literalmente.

“Não pensei que ficasse cá tanto tempo, mas tenho-me sentido bem aqui, apesar destes tempos de maior insegurança que nos deixam mais nervosos e ansiosos. Mas é um país que nos acolheu muito bem”, confessa a Bola Branca.

A braços com uma lesão que obrigou a uma intervenção cirúrgica a um pé, o defesa está afastado dos relvados, mas deve voltar a calçar as chuteiras dentro em breve.

“Foi uma recuperação um pouco demorada. É preciso muita paciência, mas, se tudo correr bem – como tem vindo a correr –, daqui a uma ou duas semanas já começo a fazer trabalho dentro do campo. Espero que daqui a um mês, mês e meio, já possa voltar aos relvados”, adianta.

Opera em Portugal, divide-se entre os dois países que lhe atribuem passaporte. A participação da Liga das Nações com a camisola israelita ainda não aconteceu e “dificilmente” acontecerá, já que os últimos jogos são em novembro, mas Miguel Vítor já tem outros objetivos.

“Falhámos o grande sonho que tínhamos, que era apurarmo-nos para o Euro. O meu caminho na seleção não terminou ainda. Tenho estado afastado e não consegui jogar a Liga das Nações, mas depois temos a qualificação para o Mundial e ainda me vejo em condições de jogar e tentar fazer história”, aponta.

Sobre um regresso a Portugal, o defesa de 35 anos, com mais dois anos de contrato com o Hapoel Beer Sheva, admite que “está a aproximar-se o final da carreira” e, apesar de não querer fechar a porta, “não será tão fácil”.

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