05 mar, 2020 - 13:06 • Redação
O presidente do Braga, António Salvador, apela à reflexão e consequente alteração dos regulamentos, para impedir que um clube nada possa fazer perante o movimento de uma equipa que compete pelos mesmos objetivos, numa fase decisiva da época, para levar o seu o treinador.
Salvador falou na conferência de imprensa de apresentação de Custódio como novo treinador. Uma solução imediata para um problema de que o Braga não estava à espera: perder Rúben Amorim para o Sporting.
"Não posso nem devo ignorar que este é um 'timing' inesperado. As ocorrências dos últimos dias devem motivar uma reflexão desportiva e ética. O Braga foi surpreendido com o movimento de um clube seu concorrente, precisamente aquele que nos persegue na tabela, que à luz dos procedimentos e contratos conseguiu assegurar o nosso treinador. Percebo quem argumenta que situações destas podem desvirtuar as competições. Defendo um debate alargado em prol do futebol português, cabe às leis e aos regulamentos assegurar um futebol acima de qualquer questão moral e ética", sublinhou o presidente do Braga.
António Salvador frisou que, "num momento como este, o Braga nunca poderia negociar, nem ceder", e explicou como se processou a saída de Rúben Amorim, pelos 10 milhões de euros da cláusula de rescisão.
O primeiro contacto foi encetado pelo presidente do Sporting, depois de o Braga defrontar o Rangers, em Glasgow, a 20 de fevereiro.
"Frederico Varandas pediu uma reunião comigo. Fiquei surpreendido quando ele me disse que queria entrar em acordo para contratar o Rúben Amorim. Pôs uma determinada verba e dois jogadores, mais percentagem do passe do Palhinha. [emprestado ao Braga pelo Sporting]. Eu disse-lhe que e o Braga de maneira alguma iria negociar o treinador. Não era dinheiro, não eram jogadores. A reunião terminou.
"Mais uma semana e continuava a haver notícias. Um dia, chamei o Rúben Amorim e disse-lhe: 'Não quero que saias. O Braga não vai negociar nada. Quero dizer-te que o Braga quer renovar contigo por mais um ano. Estou disponível para renovar as situações salariais, além das contratualizadas nos próximos dois anos. Portanto, não há negociação. Se houver alguma vontade tua de sair, a única solução é o Sporting pagar os 10 milhões. Depois tu decides o que queres fazer'. Foi o que aconteceu", recordou António Salvador.
O presidente do Braga sublinhou que Rúben Amorim "foi muito correto", não obstante ter assumido agrado perante o interesse do Sporting:
"Ele disse-me: 'Presidente, percebo e compreendo que estou num projeto. Se o Sporting me quiser, terá de cumprir o que está no contrato. Se não o fizer, ficarei aqui de bom grado. Mas se o Sporting pagar, obviamente que poderei aceitar'. A única coisa para evitar isto é alterar os regulamentos."
António Salvador sublinhou que "as pessoas são importantes, mas acima delas estão sempre o clube e a instituição" e que aquilo que defende, acima de tudo, é o Braga. O presidente do Braga confessou, no entanto, e com emoção, que é difícil manter o barco à tona entre tantas ondas.
"Esta época, já são quatro treinadores. Começou com Abel e o Braga foi surpreendido. O Abel, aí sim, disse que tinha muita vontade de ir e que não poderia continuar. Veio o Sá Pinto, veio o Amorim e agora o Custódio. Só um clube com uma grande organização e uma grande estrutura consegue aguentar todos estes abalos. Este clube está cheio de pessoas competentes que morrem e dão a vida por este clube", declarou.