10 mar, 2020 - 18:15 • João Fonseca
Jogos da I e II Liga não vão ter público nas banca(...)
A decisão de fechar as portas dos estádios nos campeonatos nacionais de futebol (I e II Ligas e Campeonato de Portugal) pode alterar-se nos próximos dias, seja para parar a competição ou avançar para outras decisões compatíveis com as necessidades de combate à propagação do novo coronavírus. Esta é a convicção de João Pedro Mendonça, presidente da Associação Nacional de Médicos de Futebol.
O profissional de saúde esteve reunido, na Cidade do Futebol, com os vários agentes desportivos, para tomar uma posição perante o "problema gravíssimo" do Covid-19. Em declarações a Bola Branca, João Pedro Mendonça sublinha que a medida de realizar todos os jogos à porta fechada "era incontornável" e revela que a análise da situação será feita "dia a dia". A suspensão dos campeonatos mantém-se em equação.
"Em última instância, se calhar, poderá ter de ser tomada essa decisão [de parar o campeonato], mas, neste momento, é sempre prematuro estarmos a adivinhar o que vai acontecer. Os jogos serão à porta fechada se, até ao final da semana, não se verificarem mais acontecimentos que tornem isto ainda pior. Ou seja, que tenham de ser tomadas medidas ainda mais restritivas, o que era péssimo, mas que, face à situação, têm sempre de ser encaradas. Vamos ver o que acontece e adequar as medidas. Mas temo que a perspetiva não seja animadora", assume o presidente da Associação Nacional de Médicos de Futebol.
João Pedro Mendonça revela que se "puseram algumas hipóteses" e enumera-as: "Uma delas era seguir o conselho da Direção-Geral de Saúde, que passa por não permitir a realização de eventos com mais de cinco mil espetadores e colocar o resto à porta fechada. Depois de ouvir esta comissão e os órgãos dirigentes do país, chegaram à conclusão de que os jogos teriam de ser feitos à porta fechada para prevenir a saúde das pessoas, porque a situação está a tomar contornos complicados."
O presidente da Associação Nacional de Médicos de Futebol explica o que acontecerá se algum jogador de futebol for contaminado.
"Basta que apareça um atleta infetado e que se pense na reprodução que isso tem. Terá de ir para um estabelecimento de saúde para se tratar, temos de ver toda a cadeia de contactos que ele teve, temos de, se calhar, isolar socialmente os colegas de equipa e os jogadores da equipa contra quem jogaram na semana anterior e assim sucessivamente. Isto é tudo muito complicado e as medidas que estão a ser tomadas parecem-me as mais adequadas", assinala João Pedro Mendonça, a Bola Branca.
Liga Portugal e Federação Portuguesa de Futebol determinaram que os campeonatos nacionais profissionais e não-profissionais serão, a partir desta altura, jogados sem público, à porta fechada, até que a situação evolua positivamente e permita reverter a posição assumida.
Esta terça-feira, subiu para 41 o número de casos confirmados de infeção por Covid-19 em Portugal, segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS).
A DGS comunicou, também, que, em Portugal, atingiu-se um total de 375 casos suspeitos desde o início da epidemia, 83 dos quais ainda a aguardar resultados laboratoriais.
Face ao aumento de casos, a Liga Portugal e a Federação Portuguesa de Futebol ordenaram a realização de todos os jogos da I e II Ligas e do Campeonato de Portugal à porta fechada.
A DGS, que tem um microsite com informações sobre a doença, recomenda como principais medidas de prevenção a frequente lavagem de mãos. Em caso de possível contágio, a indicação é ligar para o SNS 24 (808 24 24 24) e evitar deslocações aos serviços de saúde.