17 mar, 2020 - 18:15 • Rui Viegas
João Rodrigues, antigo presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), duvida da possibilidade de os campeonatos, em Portugal em particular, serem retomados em junho e conseguirem ser concluídos até ao final de julho. A decisão ficou em aberto depois de a UEFA ter "libertado" espaço temporal nos calendários com o adiamento para 2021 do próximo Europeu.
Ouvido por Bola Branca, João Rodrigues, que desempenhou cargos na UEFA e na FIFA, mostra-se cético em relação à conclusão das provas nacionais de 2019/20.
"Se isto chegar até junho sem condições, não estou a ver julho e agosto como datas para se retomar o campeonato. Cairia o campeonato seguinte logo em cima. Faltam-nos dez jornadas, e dez jornadas são dois meses, e assim teríamos campeonato até finais de agosto. Acho muito tarde para começar um novo campeonato, uma nova temporada", defende o ex-dirigente.
Trabalho em casa é "patético e utópico"
João Rodrigues relaciona igualmente o problema na competições nacionais à questão da qualificação para as provas europeias na próxima época, para além de desvalorizar os planos de treino que os jogadores estão a realizar em casa, designado pelos respetivos clubes.
"Quem fica em primeiro e quem vai [à Liga dos Campeões]? Há que produzir um 'play-off' para isso, para ver quem vai diretamente. Tal como a questão do quinto classificado. Também não estou a ver como é que se vai fazer a final da Taça de Portugal. As equipas estão mesmo paradas e isto de dizer-se que os jogadores trabalham em casa é um bocado patético e utópico", sustenta.
Euro adiado é decisão "consciente e séria"
Entretanto, esta terça-feira de manhã, a UEFA confirmou o que já se esperava: o adiamento do Europeu para 2021. João Rodrigues, conhecedor da estrutura que gere o futebol europeu, fala de uma medida acertada devido à crise de saúde que o Mundo atravessa.
Para o antigo dirigente, a decisão possibilita a conclusão das competições de cada país. Mas apenas teoricamente, considera por outro lado.
"Foi a solução mais consciente e mais séria que se tomou, porque abre também a possibilidade de os campeonatos terminarem, embora não acredite muito nisso", finaliza.