01 abr, 2020 - 12:45 • Carlos Dias
José Boto, chefe do gabinete de "scouting" do Shakhtar e assessor do presidente para o futebol, avisa que só com união os clubes portugueses vão conseguir ultrapassar a crise, no pós-Covid 19.
"Não vamos ter o mesmo futebol. Os clubes vão ser muito comedidos nos seus investimentos em jogadores. Os valores das transferências vão baixar muito”, refere José Boto, em entrevista a Bola Branca.
Para o dirigente do Shakhtar, vão deixar de ser possíveis as transferências milionárias, como por exemplo a de João Félix. Por isso, “os clubes como os portugueses, que vivem da venda de jogadores, vão ter de se reinventar”.
As medidas de recuperação económica e desportiva, tomadas pelas várias Ligas, serão vitais para o novo alinhamento do futebol europeu e mundial. José Boto não tem dúvidas em afirmar que “pode ser um momento decisivo, mas depende muito da capacidade dos clubes portugueses em tomarem medidas em conjunto e não olharem apenas para o seu umbigo".
"Se assim acontecer, Portugal corre o risco de se distanciar das melhores ligas e até das que estavam ao mesmo nível", alerta.
Mas será possível um acordo em Portugal entre os clubes apesar de tanta rivalidade? José Boto, que durante muitos anos liderou o departamento de "scouting" do Benfica, admite que, olhando "para a história recente da Liga portuguesa, para as rivalidades e as discussões”, deve temer-se um desentendimento. Contudo, “é preciso acreditar que o atual momento pode levar a que as pessoas pensem de forma diferente e se unam”.
Apesar das limitações, o gabinete de "scouting" do Shakhtar continua a trabalhar, com a observação de jogadores a ser é feita “através do vídeo”, o que “limita muito uma tomada de decisão”.
Assim, o clube ucraniano definiu que, num próximo ataque ao mercado, a opção será apenas por jogadores que “estavam referenciados” antes da pandemia.