07 abr, 2020 - 18:31 • José Pedro Pinto
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O presidente da SAD do Leixões é muito crítico para com os jogadores que compõem o plantel que compete na Segunda Liga, estendendo a censura ao próprio Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF).
Os matosinhenses vão avançar, em princípio hoje, com o processo de "lay-off" a todos os atletas, que recusaram a proposta apresentada pela SAD liderada por Paulo Lopo de manter os salários na íntegra, ainda que pagos de forma faseada.
O presidente da sociedade que gere o futebol profissional do Leixões declara, em Bola Branca, discordância total com a posição assumida pelo SJPF, em representação dos atletas: o futebol é um negócio, contribui para a economia, é gerido, nos clubes, por SADs em moldes empresariais e, por isso, os jogadores são funcionários como outros quaisquer. Ou seja, terão de estar sujeitos a estes mecanismos, mas, acima de tudo, dispostos a sacrifícios.
"Os jogadores quiseram esperar pelas negociações entre o Sindicato e a Liga, que não chegaram a bom porto. O Sindicato achou que os jogadores não tinham de abdicar de nada, mas toda a gente tem de abdicar de alguma coisa para não colocar em causa o futuro. Temos um mecanismo legal, que é recorrer ao 'lay-off' e é isso que deveremos fazer hoje. O Leixões é uma empresa e, se os trabalhadores de fábricas, comércio e restauração também terão de o fazer, os jogadores, que têm um ordenado muito maior, não são mais do que os outros e também o podem fazer", começa por dizer Paulo Lopo, para quem a decisão dos jogadores não surpreende.
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O presidente do Leixões confessa alguma tristeza, mas conclui que a crise económica no futebol gerada pela pandemia do novo coronavírus está a expor o lado menos bom dos atletas.
"Deixa-me triste, mas é a realidade do futebol. Os jogadores não têm amor ao clube nem à camisola. São profissionais, pensam na sua vida e não estão dispostos a fazer sacrifícios pelos clubes. Mesmo aqueles nascidos e criados no clube que, na minha opinião, às vezes até são os piores. Mas não me surpreende porque acho que é um procedimento normal nos jogadores", dispara, de forma cáustica.
Para Paulo Lopo, resume-se tudo a uma questão de consciência. Aquela que clubes, Liga e Federação tiveram e, argumenta, aquela que faltou do lado do sindicato presidido por Joaquim Evangelista.
"Há uma grande consciência dos clubes em tentar resolver as coisas a bem. A Liga e a Federação desenvolveram um trabalho extraordinário para aglutinar todas as posições. Não foi possível porque só nós é que estávamos dispostos a ceder e o Sindicato dos Jogadores não estava disposto a ceder. Os jogadores têm de contribuir para a recuperação da economia do país como todos os outros", insiste, revelando, em Bola Branca, o que foi decidido com Pedro Proença após as goradas negociações com o SJPF.
Rita Garcia Pereira
Rita Garcia Pereira, especialista em Direito do Tr(...)
Conclusão? "É cada um por si", resume o presidente da SAD, encarando a realidade de que a generalização dos processos de "lay-off" aos jogadores será uma inevitabilidade. Pelo menos na Segunda Liga.
"A Liga não chegou a acordo com o Sindicato dos Jogadores e o Pedro Proença comunicou-nos que cada sociedade desportiva teria de seguir o caminho mais conveniente. Há pelo menos cinco clubes da Segunda Liga que vão avançar para 'lay-off', outros quatro que têm essa intenção e os restantes estão ainda a ponderar. É muito provável que esta situação se generalize", alerta.
Apesar de tudo, o Leixões está disponível para conversar com jogadores que queiram, agora, rescindir contratos e tudo fará para que ninguém saia prejudicado desse processo.
"Vamos pôr os jogadores à vontade. Os que quiserem rescindir contrato terão garantias para o fazer sem custos acrescidos para ambas as partes. Estamos disponíveis para o fazer", promete Paulo Lopo.