07 abr, 2020 - 12:45 • Pedro Azevedo
Serginho, um dos mais experientes jogadores dos campeonatos profissionais, treina com garrafas de água e cadeiras, durante a pandemia do novo coronavírus.
O guarda-redes, de 37 anos, que representa o Varzim, da II Liga, mas já jogou em clubes como Vitória de Guimarães e Santa Clara, no escalão máximo, realça as diferenças das condições de trabalho quando comparadas com os atletas dos clubes grandes. Porém, garante que o empenho e o volume de trabalho é o mesmo.
”Tenho um plano de treinos diário e vou fazendo os exercícios em casa ou uma pequena corrida perto de casa com cuidado. Não tendo algumas ferramentas como o campo, o ginásio e elementos de pré-treino como os elásticos, vou substituindo por garrafas de água, cadeiras para fazer saltos e todos os dias puxando pela imaginação. Não sendo jogador de clube grande com material para fazer o treino em casa, não tenho acesso a um determinado tipo de material, o que não me coloca a um nível inferior aos outros. Eu e os meus colegas no Varzim temos trabalhado muito e, quando recomeçarmos, vamos estar bem preparados”, refere, em entrevista a Bola Branca.
O confinamento a que está sujeito leva Serginho a admitir, sem hesitações, que este é o momento mais difícil e desafiante da sua vida.
“É um desafio enorme e também um processo de aprendizagem diário. Tento tirar os aspetos positivos de 24 horas por dia em casa com os meus filhos, pais e esposa. Mas é também um desafio angustiante. Não é fácil estar 24 horas por dia fechado em casa. Faz-nos ver melhor aspetos que não descortinávamos no nosso quotidiano. Hoje, os portugueses, provavelmente, já dão mais valor ao seu trabalho, dia a dia, família, amigos e até a um simples passeio. Esta situação atual tem-me feito crescer imenso como homem, como pai e como ser humano”, assinala.
Serginho tem 37 anos e, nos contactos que mantém com os companheiros de balneário, passa conselhos aos mais jovens. O objetivo é que a nova geração se enriqueça e assimile as ideias de um jogador com vinte anos de carreira profissional.
“O conselho que dou aos mais jovens é para reflitam e aproveitem o tempo. É um grande desafio que apela à reflexão sobre como a vida por vezes nos pode fugir de forma tão rápida. Da preparação deles, digo-lhes que os mais jovens têm que querer mais porque são o futuro do nosso futebol. Não se realizam sonhos sem fazermos sacrifícios. É essa a mensagem que lhes passo”, revela o jogador.
Aos companheiros e adeptos do seu clube, bem como aos adeptos em geral, Serginho deixa uma mensagem de confiança e apelo à união: “Gostaria de deixar uma mensagem a todos os portugueses e todos os varzinistas de força e calma porque juntos somos mais fortes e juntos vamos vencer esta Covid-19."