12 mai, 2020 - 13:15 • Rui Viegas
O investidor do Portimonense fala de "injustiças" no futebol português, em entrevista a Bola Branca, esta terça-feira.
Com a retoma da Primeira Liga 2019/20 em pano de fundo, o acionista maioritário da SAD do Portimonense - e um dos principais investidores dos nossos campeonatos - começa por manifestar a sua indignação perante a possibilidade de o Algarve, e de Portimão em particular, ficar de fora do mapa para a conclusão da prova.
Ao todo há 90 jogos por disputar, que devem ter como palcos, somente, alguns dos estádios do Euro 2004. A confirmar-se, Theodoro Fonseca, "Theo", como é conhecido no futebol, aponta o dedo a "quem manda", como a Federação Portuguesa de Futebol (FPF).
"Se isso acontecer mesmo, é mais uma injustiça. Usam e abusam do Algarve e vão embora. Os campeonatos femininos são feitos aqui, a Federação usa o 'meu' estádio quando precisa de fazer jogos, a FIFA veio cá realizar uma formação de árbitros. E quando se chega a uma situação como esta, o Algarve é esquecido. Simplesmente, é esquecido", refere, antes de alinhar pelo mesmo diapasão do treinador da equipa portimonense, Paulo Sérgio, que na segunda-feira classificou a retoma da prova como sendo "prematura".
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"Vejo o 'mister' muito feliz connosco e já nos disse isso várias vezes. [Também] Acho que é uma retoma prematura, a 30 [maio] e 1 [junho]. Mas as provas europeias foram definidas, nós temos representantes, e isso pesou muito nessa retoma prematura", justifica, embora garanta igualmente que o conjunto algarvio está apto e deseja voltar ao relvado para competir.
"Quero jogar, preciso de jogar, para provar a todos que a verdade desportiva é dentro do campo. Suando a camisola. Esse é o meu objetivo máximo", afirma, categoricamente.
Com o início dos testes aos jogadores, na hora do regresso aos treinos no relvado, têm surgido alguns casos positivos de Covid-19. Uma situação que o Portimonense encara com normalidade, no atual cenário.
"Quanto aos infetados, infelizmente é uma realidade que nós vivemos e todos os clubes se prepararam para essa ocasião. O Portimonense está preparado, já fez os testes, já fez a desinfeção do estádio, do centro de treinos, dos autocarros, de acordo com as regras transmitidas pela Federação [Portuguesa de Futebol] e pela Liga. E com essas garantias todas há que retomar o campeonato e jogar. Não 'tem' outra forma", faz notar o empresário.
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O Portimonense chegou à interrupção da prova no penúltimo lugar da tabela, a seis pontos do Paços de Ferreira - a primeira equipa acima da linha d'água. Isto é, encontra-se em zona de descida de divisão.
Caso não seja possível realizar as dez jornadas que estão por disputar, Theodoro Fonseca manifesta-se "completamente a favor do alargamento". O dirigente do clube algarvio considera tratar-se de um questão de igualdade.
"A partir do momento em que o Governo declarou os estados de emergência e [agora] de calamidade é um exemplo para o mundo, e deve sê-lo também para o futebol. E beneficiar todos. Somos um país de dez milhões", defende.
Por outro lado, nestas declarações a Bola Branca, o ex-futebolista e atual empresário - com vasta experiência no futebol japonês - também não deixa de responsabilizar alguns clubes que se encontram, nesta altura, em "terrenos difíceis" devido à paragem competitiva e consequente perda de receitas.
Theodoro Fonseca cita, mesmo, Vítor Oliveira, treinador que conduziu o Portimonense à última subida, para sustentar a sua opinião.
"Li uma nota do meu amigo e grande senhor do futebol do português, Vítor Oliveira, que trabalhou dois anos comigo, que estimo muito e que é um homem super honesto, em que ele pergunta: 'existiam muitos milhões no futebol e agora já não há?'. Perdoem-me os meus colegas [dirigentes], mas muitos clubes dependiam apenas das operadoras [de televisão] e isso não pode acontecer no futebol e numa empresa", alerta.
"Não adianta os clubes colocarem o problema nas operadoras ou [dizerem] que não receberam isto ou aquilo. Se as operadoras são o oxigénio do futebol mundial, e ele tardou, então recuperem-se com o ar ou com o vento para poderem passar esses [próximos] dois, três meses", concretiza, em tom crítico.