19 jun, 2020 - 20:54 • Redação com Lusa
A Federação Portuguesa de Futebol vai introduzir um teto salarial de 550 mil euros aos plantéis de futebol feminino, o que causou revolta em centenas de jogadoras, que criaram o movimento "Futebol Sem Género", pois consideram que a medida é discriminatória, pois apenas de aplica ao futebol feminino.
"As aqui requerentes se têm de opor veementemente, fazendo-o não apenas porque são interessadas, mas sobretudo porque tal medida é, avassaladoramente, violadora dos seus direitos individuais enquanto jogadoras de futebol, tutelados pela Lei, mas, sobretudo, violadora dos direitos humanos protegidos ao nível nacional e internacional", pode ler-se na nota de imprensa.
Na próxima temporada, a primeira divisão do futebol feminino português foi alargada de 12 para 20 clubes, devido à pandemia da Covid-19. Na temporada seguinte, o campeonato voltará a reduzir a dimensão, para 16 equipas.
O texto refere que "centenas de jogadoras de futebol feminino" se juntaram e "partilham o seu descontentamento e oposição" ao teto salarial, através de "uma ação legal, nomeadamente o direito de resposta à FPF" entregue esta quinta-feira.
O movimento defende ainda que "a determinação de um limite máximo para a massa salarial do futebol feminino, sob a capa da trágica situação de saúde pública que hoje vivemos, para além de eticamente censurável é total e ostensivamente discriminatório".
O Sindicato de Jogadores já reagiu e diz que "não vai galopar uma onda mediática", pois não vê discriminação de género na medida que a FPF pretende impor na próxima temporada.
"Esta medida, assumida com caráter transitório pela FPF, é pretendida para a prova de futebol, Liga feminina, não tendo, na convicção deste Sindicato, sido baseada em qualquer questão de discriminação de género", pode ler-se.
O órgão vai mais longe e acredita que a medida seria um contrassenso, depois da política de aposta da FPF no futebol feminino.
"Esta medida seria um verdadeiro contrassenso e retrocesso na política de promoção e investimento no futebol feminino seguida pela FPF, enquanto entidade organizadora, em especial nos últimos três anos, com todos os incentivos e apoios criados para a adesão das grandes equipas, o aumento do número de praticantes e a profissionalização de mais jogadoras", acrescenta.
Para o sindicato, o objetivo da medida é diminuir o desequilíbro do campeonato. O Braga foi campeão, na última temporada, sem derrotas, com apenas dois empates, apenas seis golos sofridos e uma diferença de golos de 102.
Esta época, Benfica e Sporting perderam apenas uma partida em 15, e venceram 14. No espectro oposto da tabela, o A-dos-Francos venceu um jogo e perdeu 14 e tem uma diferença de golos negativa de 118.
"Trata-se de uma medida de fair-play financeiro para uma competição com resultados desportivos esmagadoramente díspares, que pretende contribuir para um maior equilíbrio entre competidores", acrescenta.
Nesse sentido, o sindicato diz que não vai "galopar numa onda mediática baseada numa ideia de discriminação de género".
"O Sindicato está e estará ao lado das jogadoras, em todas as suas reivindicações, mas tem também a obrigação de as esclarecer. Neste momento, ao invés de galopar uma onda mediática baseada numa ideia de discriminação de género, o Sindicato estará focado em continuar a trabalhar para elevar as condições laborais e desportivas na Liga feminina e encontrar medidas de discriminação positiva que possam ser introduzidas, de forma a reduzir a precariedade", termina.